Atrás dos espelhos, a continuação de O lado mais sombrio, era um livro muito esperado por mim. Adorei o
primeiro e, como sempre, minhas expectativas nesse segundo estava altas,
afinal, eu havia amado essa nova visão do País das Maravilhas.
Dessa vez, contudo, o
maior problema está no nosso lado do mundo. Alyssa está mais confusa e em
dúvida do que nunca, grande parte graças aos seus mosaicos que ganham vida e
revelam que sua casa, o País das Maravilhas, não vai nada bem. O relacionamento
com Jeb também anda meio na corda bamba, graças em grande parte a um lindo
britânico de cabelos azuis: Morfeu.
Já que o país das
maravilhas está uma bagunça, Alyssa, a rainha dos intraterrenos, tem de fazer
alguma coisa a respeito. O problema? Ela não tem a mínima ideia do que fazer, e
nem se acha capaz de vencer os obstáculos que, conforme a história é
desenvolvida, nós logo vemos que são muitos.
- Eu não pertenço àquele lugar.
- Pertence, sim. Por causa de quem você é. Do que você é. Uma metade transbordando de obscura curiosidade e um apetite voraz por tudo o que é insano. Mas a outra metade é sonhadora e leve, cheia de coragem e lealdade. - Ele morde o lábio inferior, um gesto tão mínimo que poderia ser objeto da minha imaginação. - Nada pode quebrar os laços que você inspirou em meu coração. Porque você é o País das Maravilhas. (pág. 184 e 185)
Vi algumas resenhas
comentando que esse livro era lento e enrolado, mas para mim, funcionou muito
bem, principalmente por causa de Morfeu, o melhor personagem do livro sem
dúvida alguma e que ganha bastante destaque nessa continuação. Por outro lado,
Alyssa, de quem eu gostei tanto no primeiro livro (eu até pus na minha lista de heroínas favoritas!) se tornou uma dúvida ambulante nesse e é aí que eu entendo
um pouco as resenhas que comentavam que o livro é enrolado: ela, a cada cinco
minutos, se pergunta se consegue fazer isso, se Jeb ficará bem, como contará a
verdade para o namorado, tudo num looping...
Jeb, por sua vez, não
fez nada de útil nesse livro a não ser piorar a confusão mental da protagonista
e, mesmo que eu dê risada dos seus conflitos com Morfeu e até tente simpatizar
com ele na situação, quase sempre isso era impossível, porque, por não se
lembrar de nada da viagem ao país das maravilhas, Jeb acabou se tornando mais
um peso na lista de coisas que Alyssa tem que tomar conta do que um companheiro
útil.
- Qual é a sua definição de real?
Eu olho para a sala, detendo o olhar sobre o corpo adormecido de Jeb. - Está mudando sempre. (pág. 259 e 260)
Mesmo assim, a presença
constante de Morfeu no lado humano tornou as coisas bem divertidas e, claro,
causou ainda mais complicações à vida aparentemente “normal” de Alyssa, que
agora parece eternamente misturada com a intraterrena. Isso foi uma das coisas
que eu gostei, porque, afinal, eu achava mesmo muito difícil que Alyssa conseguisse
manter os dois mundos separados, porque é justamente o fato de ela pertencer a
ambos que a torna forte e diferente dos outros intraterrenos.
Mas uma das coisas
que mais senti falta nesse livro foi justamente ele: meu amado, louco e sem
sentido País das Maravilhas! Sei que no próximo livro teremos muitas doses
dele, mas fiquei com saudades dos momentos legais que Alyssa passou por lá.
Para compensar isso, A. G. lançou mão da criatividade que eu tanto adoro nela e
criou uma história que eu simplesmente amei, totalmente inesperada e, ao mesmo
tempo, genial ao seu modo. O mais interessante foi que eu realmente não
esperava por isso e nós tivemos várias respostas ao longo do livro das questões
que a nova complicação causava, o que foi um ponto positivo, porque ninguém
gosta de ficar no escuro.
Com ele, não há nada branco e preto. Ele é retrato caótico feito de todos os tons de cinza. (pág. 286)
E o final, gente... Por
que, A. G. Howard, por quê? Só pra quebrar os corações dos leitores bobos que,
como eu, não esperavam nada disso e só ficaram mais curiosos pra saber como vai
ser resolvido (mesmo que eu tenha algumas pistas que ela já deixou).
Mesmo com os
probleminhas citados, eu adorei o livro, quase tanto quanto o primeiro, o que
significa que, apesar dos pesares, achei merecidas as cinco estrelas, porque o
livro funcionou comigo. Gosto muito da narrativa desse livro, do design gráfico
que a Novo Conceito toma tanto cuidado em fazer, dos personagens malucos do
País das Maravilhas e, claro, não odeio a protagonista, o que é sempre bom,
hahaha. Portanto, já quero pra ontem o último da trilogia, Ensared.
P.S.: Não entendo a
tradução dos títulos, mas enfim.
P.S. 2: Sabe um livro
que eu acho a temática bem parecida? Wings!
Autor(a): A. G. Howard
Editora: Novo Conceito
Ano: 2014
Páginas: 400
Nome original: Unhinged
Coleção: Splintered, #2
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