Antes de tudo: se você acha que esse livro vai ser comum, ou com uma história que você saberá como termina antes mesmo de terminar o primeiro capítulo, pare. Os Adoráveis é uma história curiosa sobre pessoas muito diferentes, entre si e entre os demais.

Eu achava que sabia como funcionaria essa história. Narrado pelos dois protagonistas, Jeane e Michael, a história é meio esquisitinha e você não se apaixona fácil, mas quando você começa a ver a história melhor, você nota que ela é um pouco especial também.

Jeane é metida, irritante, dita as tendências, tem um blog super famoso, viaja pela Europa dando palestras e, ao mesmo tempo, é meio solitária, divertida e engraçada. Sério, vocês podem pensar que ela é comum, mas Jeane é tudo menos isso, pra começar com sua atitude. Ela não é fácil de gostar, mas nada difícil de irritar. Quando digo isso, quero dizer de verdade. Mas a irritação acaba passando, porque, à medida que você a conhece, a entende melhor e, além disso, ela também evolui, perdendo algumas das características chatas que possuía aos montes.

Já Michael, bem, eu achava que saberia o que esperar dele. Fofo, legal, mas meio burrinho, talvez? Um atleta, claro, afinal, ele é super popular, ao contrário de Jeane. Mas Michael me surpreendeu ainda mais que Jeane. Sim, ele é fofo, é legal e é muito popular. Mas há mais do que isso por trás disso. Ele é o queridinho da família, nunca apronta nada e, apesar de, com tudo isso, aparentar ser um típico menino certinho, ele também é diferente. Não é um simples menino fofo dos livros, ele tem aquele jeito diferente que nem Jeane, mas bem menos desenvolvido.

O mais legal de Os Adoráveis, no entanto, é ver como o relacionamento deles se desenvolve. O que no começo era um erro, uma fuga, um segredo idiota, acaba se tornando algo muito importante na vida dos dois e é impossível não gostar disso. Vou falar, eu adorava as cenas dos dois, porque eles possuíam aquela química de “os opostos se atraem” e, ao mesmo tempo, também tinham algumas coisas parecidas.

Fiquei pensando muito tempo nas coisas diferentes do livro e, enfim, cheguei a uma conclusão: a história se passa na Inglaterra, o que pra mim, explica muita coisa. Não sei vocês, mas a Inglaterra não tem essa tendência americana a tornar a vida dos adolescentes, quando escritas, certinha e bonita, na realidade, eles geralmente querem mesmo é mostrar como uma adolescente pensa e é. E isso, meus caros, é o que torna Os Adoráveis legal.

Claro, há um tantinho de enrolação na história, creio eu pra tornar o livro um pouco mais grossinho, e o começo do livro é lento, mas aos poucos, como um trem pegando velocidade, a história se desenvolve e você logo se vê    querendo saber o que irá acontecer entre Jeane e Michael.

Pra quem gosta de uma visão real da vida de um adolescente, personagens diferentes e esquisitos e um relacionamento incomum, Os Adoráveis é uma ótima pedida.

P.S.: Aliás, também gostei que a Jeane, por ser uma adolescente mais diferente, não tem medo de contestar coisas que hoje os adolescentes amam e que, muitas vezes, não têm nada de conteúdo.


Autor(a): Sarra Manning
Editora: Novo Conceito
Ano: 2012 (original) - 2013 (Brasil)
Páginas: 387 (original) - 384 (Brasil)
Nome original: Adorkable
Coleção: -
Não sei vocês, mas esse foi o segundo livro que li do John e, podem crer, depois do amor/feelings que senti por A culpa é das estrelas (resenha), minhas expectativas estavam um pouco acima do céu.

No entanto, se você espera encontrar um livro mais puxado para o drama, pode esquecer. Sim, ACEDE é lindo do jeito que é, mas se pra amar Teorema Katherine, as comparações não podem existir, porque eles são simplesmente diferentes demais. Esse livro é fofo, sim, mas investe em um humor inteligente e uma narrativa que, cá entre nós, eu adorei, porque é feita em primeira pessoa pelo protagonista, Colin, um superdotado que quer se tornar um gênio, mas acha que seu tempo para se tornar alguém importante de verdade e não ficar só no “quase” está quase acabando.

Além de Colin, temos outro personagem ótimo no livro: Hassan, seu melhor amigo, muçulmano, que é gordo, preguiçoso, mas incrivelmente engraçado e um dos poucos que consegue não só suportar Colin, mas realmente gostar dele, porque Colin, apesar de já ter tido 19 namoradas, não sabe muito bem como se relacionar, o que, pra mim, é um dos motivos por que as Katherines acabam terminando com ele.

Os dois caem na estrada depois de Colin ser dispensado pela última namorada e é nessa viagem que tantas coisas legais, tensas, divertidas e interessantes acontecem. Eles conhecem Lindsey, uma caipira que mora no meio do nada, mas que, apesar de aparentar ser cabeça-oca, entende mais das coisas que muita gente, acabando virando amiga dos dois.

A história assim se passa e é impossível não acabar gostando desses três, pra não falar de outros personagens legais, como a mãe da Lindsey, que é bacana também. O que eu mais gosto nesse livro é que a narrativa é tão gostosa, tão bem feita, que até as notas de rodapé são maravilhosas (aliás, alguns quotes são, creiam, notas de rodapé). São muito engraçados os diálogos, além de inteligentes, e é uma leitura que você faz rapidamente, mas querendo que durasse mais.

Além disso, é impossível não dar risada de algumas situações que o Colin se mete, principalmente por causa das coisas que ele fala e, além disso, é legal como uma viagem que aparentemente era só pra esquecer um triste término de namoro acaba rendendo tanta coisa, inclusive uma oportunidade para Colin de se tornar o gênio que tanto quer: ele descobriu o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que, na teoria, diria quanto tempo duas pessoas ficariam juntas, entre outras informações.

Enfim, eu entendo se muita gente não gostar tanto assim, porque não é humor exatamente normal, e, além disso, Colin pode ser bem chatinho às vezes, mas, gente, é bom saber que o John consegue escrever tão bem um livro com mais humor quanto um com um tema mais sério! Portanto, tá aí um livro que recomendo pra vocês, porque é uma delícia de leitura.


Autor(a): John Green
Editora: Intrínseca
Ano: 2006 (original) - 2013 (Brasil)
Páginas: 229 (original) - 304 (Brasil)
Nome original: An Abundance of Katherines
Coleção: -

Eu comprei esse livro há um tempinho já e, felizmente, consegui o autógrafo da Patrícia, que por sinal é super simpática. A história me parece ser bonitinha, bem escrita e divertida, então, acabei levando e, algum tempo atrás, resolvi dar uma chance e lê-la.

O livro conta sobre o dia-a-dia das “Mais”, um grupo de quatro amigas do Rio de Janeiro, muito unidas, mas, ao mesmo tempo, com personalidades extremamente diferentes. Mari, a mais agitada, mais desastrada e mais engraçada. Aninha, a loira de olhos azuis, super inteligente e que ama ler. Ingrid, a romântica sonhadora que faria tudo por um amor e Susana, a atleta incrível, mas que não abre mão dos seus cuidados pessoais.

O livro é todo dividido nas narrações das quatro meninas, conforme o ano vai passando, elas vão escrevendo um livro, sendo que a cada três meses, elas o passam para frente, assim cada uma deixa sua marca na narrativa.

O livro é bonitinho, divertido e legal, mas eu também achei um pouco infantil demais... Por mais que a história seja fofa, em alguns momentos eu me pegava revirando os olhos diante alguns comportamentos das meninas, que às vezes não agiam com a maturidade que, na teoria, deveriam ter, afinal, já têm uns 14 anos.

Mesmo assim, é uma história legal, mostrando bem as dificuldades desse período da adolescência, que no momento nos parece tão difíceis e impossíveis e quando a gente lê isso algum ano depois acha engraçado, sabe?

As quatro protagonistas, como eu já disse, são bem diferentes, e eu não consegui escolher uma favorita, apesar de que eu realmente me identifiquei com a Mari (sou muito desastrada também, infelizmente!). A história da Ingrid também é ótima, na verdade é até mais legal que a da Mari.

Fiquei feliz ao saber que tem continuação, pois espero que, agora que estão indo para o Colegial, as meninas amadureçam sem, no entanto, perder essa aura fofa e divertida que no primeiro livro já possuíam.


Autor(a): Patrícia Barboza
Editora: Verus
Ano: 2012 (original)
Páginas: 193 (original)
Nome original: -
Coleção: As Mais, #1
Meme semanal hospedado pelo Lost in Chick Lit, onde compartilhamos pequenas informações sobre a nossa semana literária. Tendo como principal objetivo encorajar a interação entre os blogs literários brasileiros, fazer amizades e conhecer um pouquinho mais sobre outras pessoas apaixonada por literatura. Tem interesse em participar? Saiba como aqui!

♥ Leitura do Momento:
- Poseidon, de Anna Banks.
- Paixão sem Limites, de Abbi Glines.

 Li Essa Semana:   


Um livro super hypado lá fora, Escândalo chegou aqui no Brasil esse ano prometendo muito, afinal, não é todo mundo que recebe o título de Romeu e Julieta dos dias atuais”, né? Eu de fato não conhecia antes, mas, quando li a sinopse, pensei: por quê não? Adoro ver essas histórias que abordam sobre as grandes mudanças que as tecnologias causam na nossa vida diariamente e pensei que, ao contrário do normal, Escândalo abordaria o lado não-tão-bom da coisa toda.

Na história, logo somos apresentados a Romeu e Julieta: Anthony Winter, um jovem que é um ótimo filho, ótimo namorado, ótimo ator, ótimo tudo, menos em tomar cuidado na hora de divulgar fotos suas que poderiam ser comprometedoras e Amelia Wilkes, rica, poderosa e ótima atriz e cantora, mas também não muito boa em esconder tais fotos que poderiam ser comprometedoras dos pais, principalmente do pai, que não quer que ela namore e ficaria louco se descobrisse tais fotos.

“Um incêndio começa pequeno – um cigarro caído, folhas ou lixo que alguém queimou, a queda de um raio sobre uma árvore vulnerável – e depois se espalha em todas as direções possíveis, tornando-se tão quente que nada menos que uma torrente, produzida pelo homem ou não, é capaz de extingui-lo. Para propagar-se, ele precisa de apenas condições favoráveis e combustível disponível para alimentá-lo, crescendo sem consciência, desconsiderando a vida silvestre, construções, orações.” (pág. 159)

Na teoria, nenhum desses jovens parece excepcional ou com um grande diferencial, não é? Tirando a parte teatral, que é onde se destacam, poderiam ser quaisquer adolescentes normais. Afinal, quantos de nós não vivem trocando fotos com os namorados, amigos, ficantes? É uma realidade comum já na vida. Mas, e quando as coisas são levadas sérias demais, por assim? Ou, melhor dizendo, são vistas com uma única – e errada – visão?

Então, meus caros, é quando o verdadeiro ~escândalo~ começa. A vida de Amelia e Anthony era perfeitamente comum e eles já a tinham planejado juntos, para que fossem para a mesma faculdade, a NYU, e estudassem teatro. Só que os mundos dos dois se despedaçam quando o pai de Amelia, ao descobrir fotos comprometedoras de Anthony no computador dela, resolve envolver a polícia.

Meu pai continua insistindo em que eu fui uma vítima. Eu lhe disse que, se for, ele é o único que causou isso, por reagir com exagero. Talvez os pais não pretendam estragar a vida de seus filhos, mas por que não são capazes de ver que são tao propensos a um mau julgamento quanto nós? Como é que podem querer que confiemos e acreditemos neles?” (pág. 218)

Eu nunca tinha nenhum livro sobre sexting – traduzido livremente como “sexo por mensagem”, na verdade são geralmente fotos e mensagens íntimas, geralmente trocadas entre namorados -  mas obviamente eu sabia o que era, já que vira e mexe temos um caso desses divulgado aos montes na mídia.

Mas ver as coisas pelos olhos das vítimas é completamente diferente. É triste, é aterrorizante, é terrível. E podemos ver tudo isso acometer os personagens do livro, não só Amelia e Anthony, mas também seus pais e amigos, afinal, polêmica espalha mais rápido que fogo em mata seca. E é incrível como as pessoas julgam, desnecessariamente e de forma errada, tantas vezes, não?

“Espontaneamente, ocorreu-lhe o refrão: ‘Paus e  pedras podem me quebrar, mas palavras nunca irão me  machucar’. Palavras, ah, sim, elas podiam machucar, e muito. Podiam enganar. Podiam deprimir. Podiam arrancar seu coração do peito e fazer você desejar nunca ter nascido – ou ter nascido outra pessoa.” (pág. 248)

Ver a vida de dois jovens que teriam um futuro brilhante ser posta em risco é tão horrível, tão impossível, ainda mais considerando que assim, eles nem cometeram um crime de verdade. Nesse ponto, gostei muito da abordagem.

No entanto, algumas coisinhas me fizeram revirar os olhos várias vezes na leitura: o tal amor estilo Romeu e Julieta, tão divulgado, é, de fato, assim. Um saco. Ultrarromântico em alguns momentos, chega a ser meloso além da conta que suporto, principalente no lado de Anthony. Mesmo que eu tenha gostado da narração, ela me irritou muitas vezes! Ela tinha um tom moralista, não sei o quê, que simplesmente não combinava com o próprio assunto do livro.

“- Por que você tem de ser tão negativo?
- Sinto muito. – Ele passou o braço em volta dela e inclinou a cabeça para apoiá-la contra a dela. – Estou tentando ser realista, só isso.
- Eu não quero realismo. A realidade é uma merda.” (pág. 343)

Os personagens também não foram a melhor coisa do livro, já que o casal protagonista não cheirou nem fedeu pra mim, afinal, os dois são tão apaixonados e melosos e dependentes um com o outro que ficou difícil para mim gostar de fato de algum.

Aliás... Que final foi aquele, meu Deus? As últimas páginas tiveram toda a ação que por vezes a autora preferiu negar ao resto livro, causando por vezes um tédio e uma repetição desnecessária. Ainda estou em dúvida com o fim, mas posso dizer que, no final as contas, foi uma decisão bem inteligente da autora.

Num geral, Escândalo é um livro que entra na minha categoria ok. Gostei da temática, um pouco da história, mas por falta de personagens mais memoráveis, peca no quesito de simpatia.


Autor(a): Therese Fowler
Editora: Novo Conceito
Ano: 2011 (original) - 2013 (Brasil)
Páginas: 384 (original) - 384 (Brasil)
Nome original: Exposure
Coleção: -

-> Confira a resenha do primeiro livro da série aqui.

Gente, que saudades desses personagens! Desde que Fazendo meu filme acabou, só nos restou essa série que, eu espero, ainda dure bastante tempo e que continue com o ótimo nível de qualidade que possui.

Nesse segundo livro, voltamos a ver Priscila, Rodrigo e todo o povo de personagens que conhecemos no primeiro, mas agora, um pouco mais amadurecidos, seus problemas também estão mais complicadinhos.

Como eu já disse várias vezes, a Paula tem aquele dom de saber escrever uma excelente história sobre pessoas que não têm nada de sobrenatural, mas que são tão legais e fofas que não precisam disso. Eu simplesmente gosto muito da narrativa, flui bem e te deixa morrendo de vontade pra saber o que vai acontecer em seguida.

Priscila ainda é uma graça de menina, mas aparentemente, seu romance com Rodrigo não anda muito bem, desde que alguma coisa aconteceu na viagem dela a Disney, que ganhou como presente de aniversário dos pais. Pra ajudar, Rodrigo vai viajar com os pais para a praia e lá, também acontecem algumas coisas estranhas.

Tenho que dizer, eu gosto muito da Priscila (mas ainda sou mais a Fani!), mas nesse livro eu passei alguns momentos de raiva com ela! Sim, eu sei que muitas vezes ela é inocente e nem sequer pensa que está fazendo alguma coisa, mas ela tem essa mania de querer tomar conta de tudo e, por causa disso, não tem tempo nem pra si mesmo nem para o Rodrigo que, ai gente, vocês que me perdoem, mas eu adoro de coração. Eu simplesmente gosto muito da personalidade dele e ler a sua narração nesse livro só me relembrou os motivos para amá-lo.

A verdade é que, nesse livro aqui, nós vemos que nada, nem mesmo o namoro das pessoas que mais se amam, é fácil. É problemático, há ciúmes, gente que não quer ver ninguém feliz, mas também tem muita coisa linda no mundo. Gostei muito que a Paula não comeu broa e, sabendo que é nesse período que se passa o primeiro/segundo livro de Fazendo meu filme (na época do intercâmbio da Fani), ela tomou o cuidado para que os personagens casassem com as coisas que falaram nos livros anteriores.

Se eu indico pra vocês essa série? Muito, muito mesmo. Ela é divertida, animada e, o melhor, não subestima os adolescentes, tratando-os como bobos ou idiotas. Claro, às vezes a gente faz coisas estúpidas, mas ninguém adolescente é realmente tão burro assim. Outra coisa muito legal é que, claro, a história se passa no Brasil, então, mesmo sendo em Minas e eu morando em São Paulo, é bem legal ver personagens que são, autenticamente, brasileiros.

Então, sério. Se você ainda não deu uma chance a Paula Pimenta, pense melhor na sua decisão, porque você está perdendo ótimas oportunidades de leitura.


Autor(a): Paula Pimenta
Editora: Gutenberg
Ano: 2013 (original)
Páginas: 424 (original)
Nome original: -
Coleção: Minha vida fora de série, #2

Nossa, há quanto tempo eu quero ler esse livro! No entanto, ele sempre estava num preço tão insano (uns 50 reais, se não me engano) que eu me recusava a pagar. Então, num dia comum, alguém quis trocar um livro comigo e bang!, consegui esse lindo livro nas minhas mãos.

A história é narrada pela menina de doze anos Ananka Fishbein, que não tem nada de mais, segundo ela própria, e vive uma vida de pura chatice. No entanto, tudo muda quando ela conhece a misteriosa/incrível Kiki Strike, que aparentemente estudava na mesma escola que ela, um lugar cheio de panelinhas e meninas ricas além da conta, na qual Ananka só pode estudar graças a herança que herdou do avô.

“- Você, no fundo – disse a diretora. – Não pense que pode se esconder. Diga-me. O que quer ser quando crescer?
- Perigosa – disse a menina escondida, sem um segundo de hesitação. Todo mundo na turma se virou para a carteira dela. Ali, atrás de  Lizzie, estava uma garotinha que ninguém se lembrava de ter visto antes. Por um momento eu tive certeza de que a ouvira mal.
- Desculpa – disse a Srta. Jessel com um sorriso complacente na cara. – Acho que eu e a diretora não entendemos o que você disse.
A menina fincou o pé.
- Quando crescer, quero ser perigosa.
A diretora e a Srta. Jessel trocaram um olhar.
- Qual é o seu nome, querida? – perguntou a diretora em um tom que indicava que ela ia ficar de olho na menina.
- Kiki Strike – respondeu a garota com simplicidade e, como se seguisse uma deixa, a sineta tocou.” (pág. 27)

Ao conhecer Kiki, ela acaba entrando num clube que a mesma criou, as “Irregulares”, um grupo de seis meninas, cada uma com um talento diferente: Luz Lopez, uma jovem aspirante a inventora, DeeDee Morlock, uma precoce cientista, Betty Bent, mestra em disfarces e Oona Wong, hacker. Com um grupo tão misto e, ao mesmo tempo, tão jovem, era óbvio que o que Kiki queria era algo grande e importante e requeria pessoas especiais.

Aos poucos, elas conseguem juntar pistas e desvendam o mapa de uma cidade inteira construído embaixo de Nova York, a “CIDADE DAS SOMBRAS” do título. Na verdade, essa cidade era o lar, há muitos séculos, de vadios e bandidos, e esconde grandes riquezas. Além do mais, você pode ir pra qualquer lugar da cidade usando uma passagem dela.

“A maioria das pessoas acha que os mapas são instrumentos simples que podem guia-las de um lugar para outro (É claro que estas tendem a ser os mesmos idiotas que lhe dirão que os disfarces só devem ser usados em festas a fantasia e que todas as histórias boas têm uma moral.) Mas para os que conhecem a maneira certa de ler os mapas, eles podem revelar segredos extraordinários. Até o mapa rodoviário mais comum pode lhe mostrar onde encontrar cidades-fantasma poeirentas, passagens perigosas pelas montanhas e pântanos cheios de orquídeas raras. Mas também existem ouros tipos de mapas – mapas que podem levar você a minas de ouro ocultas, cidades maias perdidas ou às cavernas na floresta do Oregon onde mora o Pé-Grande.” (pág. 245)

A história é muito bem contada e, apesar de ser claramente surreal pra caramba, ela é bem divertida. Claro que eu, tendo 17 anos, provavelmente não gostei tanto quanto se tivesse lido numa idade mais próxima das protagonistas, mas mesmo assim, é uma aventura muito diferente do que meninas de 12 anos costumam viver. O mais interessante (além da própria Kiki, que, apesar de conseguirmos algumas informações ao longo da história, é o constante x da equação) é ver como seis meninas que, apesar de possuírem certas qualidades diferentes, conseguem ir tão longe!

Além disso, o clímax da história também foi bem feito, algo que eu não tinha esperado até então, então, adorei! A narradora (que não é bem uma protagonista, visto que não conta só sua história e sim da sua participação nas Irregulares), Ananka, também é bem interessante. Apesar de não ter nenhuma qualidade que destaca aos olhos na hora, Ananka é muito inteligente e sabe de coisas que as outras jamais pensariam, afinal, ama ler e também é uma ótima armadora de planos. Foi bom ver que, mesmo com a pouca idade, as meninas ainda podem ser inteligentes e, EI!, não pensarem apenas em meninos e tal.

“- Eu ainda não sei por que devo confiar em você – repeti.
A resposta de Kiki for curta e grossa.
- Não confie em mim, Ananka – disse ela. – Confie em si mesma.
As portas do elevador se abriram e Kiki desapareceu.
Pensei que estivesse brincando, até que percebi que era um excelente conselho. Embora sempre se falasse nisso como uma piada, havia uma forma peculiar de percepção extrassensorial conhecida como intuição feminina. Toda mulher na terra nasce com ela. Para falar com simplicidade, a intuição feminina é uma voz dentro de sua cabeça que sussurra que seu novo namorado pode ter más notícias, que você não deve pegar o atalho por aquele beco escuro, ou que sua irmã andou mexendo nas suas coisas de novo. Se você aprender a presta atenção à voz, provavelmente vai descobrir que em geral acerta. É claro que não estou sugerindo que todas as mulheres tenham poderes sobrenaturais. Infelizmente, só algumas de nós preveem o futuro ou leem a mente das pessoas. Mas prefiro prensar que o resto de nós é de detetives naturais. Ao dar atenção aos pequenos detalhes, percebemos quando uma coisa não está muito certa – mesmo que não possamos apontar precisamente o que é.” (pág. 272)

Claro que não discrimino quem faz isso, mas atualmente, há tantos livros que fazem as meninas parecerem trouxas atrás de uma paixão que ver um que elas são inteligentes, independentes (até demais, eu diria, pela quantidade de coisas que aprontam, mas conseguem passar ilesas) e simplesmente legais.

Se você adora uma aventura, de qualquer tipo, e adora Nova York, não tem erro: esse livro vai ser ótimo. E, como eu já disse, as últimas páginas foram ótimas, abrindo caminho para o segundo livro, que já foi lançado no Brasil há um tempinho. Por isso, recomendo muito pra vocês, como uma bela diversão nas férias.


Autor(a): Kirsten Miller
Editora: Galera Record
Ano: 2006 (original) - 2007 (Brasil)
Páginas: 387 (original) - 448 (Brasil)
Nome original: Inside the Shadow City
Coleção: Kiki Strike, #1
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♥ Leitura do Momento:
Nada, ainda, acabei de terminar Azul da cor do mar.

 Li Essa Semana:   
- De Repente Acontece, de Susane Colasanti.
- Azul da Cor do Mar, de Marina Carvalho.


A escrita da Deb me conquistou no primeiro livro que li dela, Um lugar para ficar, então eu já tinha certas expectativas quando peguei esse livro, mesmo a história sendo meio estranha e simplesmente... hum, esquisita? Eu não sei se era a sinopse, mas eu não conseguia entender direito a história em si.

Infelizmente, conforme eu fui lendo, as coisas não ficaram menos confusas. Pelo contrário, eu esperava algo interessante, mas esse livro, infelizmente, fica no “quase”. Ruby McQueen é uma menina normal, na verdade ela é até comum demais, do tipo que ninguém conhece, ninguém ouve falar, principalmente porque ela mesma não fala muito nem tem grande participação em alguma atividade. No entanto, quando finalmente o verão chega, Ruby está decidida a deixar de lado esse seu lado quieto e, para tal mudança, começa a sair com Travis Becker, que mora perto de sua casa, um típico bad boy, que não mede as consequências para conseguir uma boa dose de emoção.

O problema disso tudo é que eu ficava a maior parte do tempo ou a) esperando alguma coisa incrível acontecer pra explicar essa vontade incrível da Ruby de se transformar em alguém tão diferente b) tentando simpatizar com a Ruby e entende-la. E, cara, foi difícil. O maior empecilho para a história ser boa não é a escrita, é a história e seu desenvolvimento. Sabe quando você não entende pra onde um livro está indo, só acha que está sendo enrolada porque nada de importante acontece e páginas vão passando? Pois é! Por mais que eu goste da escrita da Deb, esse livro não é nem de longe um de seus melhores, pelo menos para mim.

Ruby é uma personagem difícil de entender e, quando conseguimos conhece-la melhor, graças ao aprofundamento que a Deb aos poucos faz, as coisas melhoram um pouco. Ruby e sua mãe, Ann, foram abandonadas pelo pai há um bom tempo, mas sua mãe ainda acha que ele irá voltar (o que acontece, mas acaba que ele fica um tempo e depois some de novo). Não achei essa parte muito bem contada, ou resolvida, aliás, uma característica desse livro é que a gente acaba ficando sem resposta para algumas perguntas.

Pro meio do livro para o final, as coisas melhoram um pouco porque há menos enrolação e mais acontecimentos, mas mesmo assim, a história toma um caminho “do nada”, sem muito sentido, o que me confundiu.

Mesmo assim, há algumas coisas interessantes, além da escrita: o “clube de leitura semanal” de Ann que só têm velhinhos é muito engraçado, cada personagem é mais curioso que o outro, só queria que eles tivessem tido uma participação no começo da história maior.

É bonita também a história de amor que ocorre em segundo plano, todas as coisas loucas que o clube de leitura mais Ann e Ruby fazem para que tal história realmente continue e achei legal que, para a Ruby se encontrar e saber quem é de fato não precisou de menino nenhum, apenas uns bons velhinhos levemente caducos, uma mãe carinhosa e, claro, confiança em si mesma.


Autor(a): Deb Caletti
Editora: Novo Conceito
Ano: 2004 (original) - 2013 (Brasil)
Páginas: 320 (original) - 240 (Brasil)
Nome original: Honey, Baby, Sweetheart
Coleção: -


Após algumas leituras leves, eu resolvi pegar um livro que era bem desconhecido por mim até então. Vira e mexe eu leio um livro com uma temática bem diferente do que eu costumo e, vira e mexe, eu gosto bastante de um desse estilo, o que sempre me faz dar a chance a outros.

Adeus à Inocência mais me confundiu do que ajudou com a sua sinopse, porque eu imaginei um tipo de história completamente do que ela era de fato. Na verdade, mesmo lendo a sinopse, você não consegue entender a história, só uma das muitas formas de enxergá-la.

Com isso, lá fui eu ler o livro... E a escrita da Drusilla logo me capturou! Ela tem um jeito simples, mas muito interessante, de contar tanto coisas normais quanto coisas sérias. É um dom, que me fez ler rapidamente o livro, que possui personagens intrigantes.

Madora é uma jovem que, quando mais nova, foi “resgatada” por um cara, Willis, e desde então os dois moram juntos, fogem juntos, tudo isso sem grandes explicações da parte de Willis, e Madora aceita bem isso pois não tem consciência da essência real desse homem. Tudo começa a mudar, no entanto, quando uma menina grávida é “capturada”, assim como Madora foi, por Willis. Além disso, ela também faz amizade com um garoto de 12 anos chamado Django, que perdeu os pais ricos – mas presentes e carinhosos – recentemente e se muda então para a casa da tia.

“- Estaria mentindo se dissesse que eu não me importava. Esteja certo de que eu me importava, mas no devido tempo compreendi que os homens com quem ele trabalhava, seu clube de pôquer e todos mais, eles estavam com medo. Eles não queriam pensar na morte. Queriam viver a vida deles como se fossem imortais.” (pág. 160)

Madora é uma personagem diferente. Ela é praticamente uma ermitã, graças a Willis, que a controla totalmente. Normalmente, eu não suporto essas protagonistas sem vontade própria, mas nesse caso, o ambiente foi bem construído, de forma que eu conseguia entender o por quê de Madora agir daquela forma. Em alguns momentos, inclusive, cheguei a duvidar se Willis era de fato o “vilão”. Afinal, uma das características dessa narrativa é que, apesar de ser em 3ª pessoa, não é imparcial, misturando os pensamentos dos próprios personagens com os do narrador. Isso faz com que entremos na cabeça de muito mais do que um só personagem e, assim, conhecemos melhor todos.

Django é um menino fora de série! Sem dúvida, além de inteligente, ele é perspicaz, rápido e abre os olhos há tanto tempo fechados de Madora. A amizade se desenvolve entre os dois e, mesmo no árido deserto da Califórnia, dá pra ver que ela floresce.

Robin, a tia de Django, é uma personagem estranha, a princípio, e possui uma história só sua, que aos poucos vai se ligando com a Django e, logo, com a de Madora, que se liga com a de Willis. Todos os personagens estão conectados, no final das contas, mesmo que seja por um fio de cabelo.

A história é contada sem grandes acontecimentos, várias cenas de ação, mas possui sua própria magia, uma magia que não precisa exagerar em nada, pois a escrita de Drusilla por si só já nos faz ficar curiosa com o resto das páginas. A única coisa que eu achei um nível abaixo do resto do livro foi o final, que ao deixar várias pontas abertas, me deixou sentindo falta de algumas respostas.

Adeus à Inocência é uma leitura um pouco diferente, mas vale muito a pena para sair um pouco das coisas que você costuma ler e aproveitar outros temas.


Autor(a): Drusilla Campbell
Editora: Novo Conceito
Ano: 2012 (original) - 2013 (Brasil)
Páginas: 299 (original) - 272 (Brasil)
Nome original: Little Girl Gone
Coleção: -

Nesse clima festivo de fim de ano, nada melhor que uma leitura gostosa, feliz e que se passa nessa época, não é mesmo? Foi assim que escolhi Anjos à Mesa como minha leitura e não me arrependi nem um pouco.

Para quem não sabe (eu não sabia antes de vir escrever essa resenha!), esse é o sétimo livro de uma série chamada Angels Everywhere. Espero que a NC publique o resto em ordem, mas vocês sabem, nem sempre dá pra contar com isso. Mesmo sendo o sétimo, dá pra ler normalmente a história, talvez sem pegar as referências aos livros anteriores, mas sem problemas algum.

“- Bem, pelo menos me conte como vocês se conheceram.
Lucie não conseguiu conter o sorriso, mesmo tentando.
- Nós nos conhecemos na Times Square, à meia-noite, e Aren me beijou.
Os olhos de Wendy arregalaram-se.
- Bem, é claro. Foi dessa forma que eu conheci todos os homens da minha vida – a mãe brincou.” (pág. 37)

Quatro anjos, “Guerreiros de Oração”, ou seja, são especializados em cumprir as orações que nós, reles humanos, fazemos, são os protagonistas da história: Shirley, Goodness, Mercy e Will (tem uma explicação bem legal no começo do livro sobre o por quê dos nomes). No final do ano, os quatro descem à terra para mostrar a Will, que ainda é um novato, como as coisas funcionam por aqui. Só que esses quatro juntos é garantia de confusão certa, e acaba que Will, ao ver um moço e uma moça, decide que eles devem ficar juntos, fazendo com que um tropece no outro, segundos antes do fim de ano.

É aí que somos apresentados a Lucie, uma chef dona de um restaurante no Brooklin e Aren, recém-chegado a NY, jornalista. Os dois se dão bem instantaneamente, mas por algum motivo do destino, não conseguem ficar juntos. Um ano se passa e, graças a uma oração feita pela mãe de Lucie, os anjos são novamente recrutados para juntar os dois.

“- Meu Deus, Lucie Ann, você ainda não sabe que se apaixonar nunca é inconveniente? Eu conheci seu pai pouco antes de ele ser enviado para a Guerra do Vietnã.” (pág. 41)

Ai, gente, que livro fofinho! É daqueles feitos pra te deixar feliz, com um sorriso bobo no resto. Além de se passar em New York no final do ano, o que já garante que eu ame metade da história, os personagens são até que legais. As três “anjas” são bem trapalhadas, chegando a me irritar às vezes com a quantidade de confusão que aprontam, mas na maioria delas, dá pra ver a boa intenção. Will eu simpatizei rapidamente, ele me pareceu tão bonzinho!

Aren e Lucie, então, nem se fala. É uma combinação feita no céu, mesmo (referências)! Apesar da Lucie ser meio irritante e pessimista e pouca disposta a perdoar e seguir em frente, ela também é talentosa e tagarela. Aren é o homem de sonhos de toda mulher com uns 20 pra cima que ainda não é casada, talvez por isso não tenha me importado muito com ele, mas mesmo assim, eles formam um casal tão meigo. Gostei também que houve um espaço para outras histórias além do casal principal, não nos deixando com uma sensação de “vazio” ou enrolação.

“- Intenções – Gabriel repetiu. – Intenções, meu jovem, são pavimentos ao longo da estrada da morte.” (pág. 73)

Me sentia lendo um filme de final de ano, porque, mesmo sabendo o final, eu queria saber como as coisas iriam dar certo e, claro, aproveitar os momentos fofos que a história proporciona. Achei a resolução um pouco rápida, como se a autora tivesse que fechar a história correndo, mas vou relevar. Não possui grandes erros de revisão, só achei um que realmente me preocupou lá pro final do livro (que era de digitação).

Aliás, isso me lembra, o design desse livro é tão fofo! Possui detalhes nas beiradas, além do próprio começo do livro ser fofo, tudo combinando com a vibe natalina. Nesse ponto, a editora está de parabéns.

Se você tiver um tempinho nesse final de ano, portanto, não deixe de ler Anjos à Mesa!

P.S.: Já escrevi a resenha ouvindo só músicas natalinas, para entrar no clima!



Autor(a): Debbie Macomber
Editora: Novo Conceito
Ano: 2012 (original) - 2013 (Brasil)
Páginas: 222 (original) - 224 (Brasil)
Nome original: Angels at the Table
Coleção: Angels Everywhere, #7