Eu estava louca pra ler esse livro desde antes de lançar aqui no Brasil, então fiquei animadíssima quando a Rocco publicou (mesmo sendo a Rocco e o preço sendo salgado). Minha prima acabou comprando antes de mim e, num ato de pura bondade (tenho que escrever isso, caso ela venha a ler a resenha! Haha), me emprestou, antes mesmo de ler.

E, *suspiros* *awn* *suspiros de novo*. Eu não podia ser mais grata!! Deixe a neve cair é um livro com três contos, todos interligados e que se passam ao redor da mesma pequena cidade da Carolina do Sul. É envolvente, meigo e com aquela aura de Natal que todos nós amamos, muito. Por ser três contos, vou opinar sobre cada um deles e depois, fazer um balanço sobre o livro em si.

Primeiro conto: O expresso Jubileu, de Maureen Johnson.
O meu conto favorito, escrito pela mão divina da Maureen, é o que tem a melhor narrativa e uma das melhores protagonistas: Jubileu é divertida, engraçada e, apesar de ter em alguns momentos um gosto questionável e uma visão meio embaçada, é muito legal. Stuart, o cara que a ajuda após seu trem empacar numa cidadezinha por conta de uma nevasca, é maravilhoso. Melhor que esses bad boys, Stuart é atencioso, divertido e nem muito nerd, além de não ser ruim de olhar. O relacionamento deles é construído de uma maneira linda, que me fazia suspirar, sem, no entanto deixar a ótima narrativa melosa. É o tipo de conto que você fala “Como eu queria que fosse um livro!”, pois se apega aos personagens. 5/5

Segundo conto: O Milagre da Torcida de Natal, de John Green.
John Green é, quase sempre, garantia de uma narrativa bem feita e esse conto não é exceção. Tobin, Duke e JP são melhores amigos desde sempre. Tobin, o narrador, é, apesar de ser meio irritante, um bom personagem. JP é o melhor do livro, um tipo de personagem que já apareceu nos livros de John e que é sempre ótimo, o melhor amigo para todas as horas, divertido e meio louco. Duke é a única menina do grupo e é uma das personagens femininas que mais gostei no livro. A única coisa que eu não gostei muito nesse conto foi que, por conta da história dele, infelizmente não teve muitas ligações com o conto anterior. Mesmo assim, é muito bonitinho, com personagens ótimos e sim, apesar de eu já esperar o final, John o construiu de uma forma muito bem-feita. 4.5/5

Terceiro conto: O santo padroeiro dos Porcos, de Lauren Myracle.
A única autora que eu não conhecia, Lauren teria a difícil tarefa (pelo menos para mim) de fechar o livro. Narrado dessa vez por Addie, uma menina que acaba de terminar um namoro que significou muito para ela, a história não me parecia muito promissora nas primeiras páginas, mas depois, subiu ao nível dos contos anteriores. O que mais gostei nessa história, além do nome peculiar, foi que Lauren caprichou para que, no último conto, nós tivemos todas aquelas interligações necessárias e maravilhosas que esses livros de contos possuem. Sabe aquela coisa: “Ei! Eu e lembro disso no outro conto!” ou “Ah! Você é ela, então!”? Exatamente. A narrativa não foi tão legal quanto a de Maureen, em parte por Jubileu é uma protagonista bem mais legal que Addie, que possui seus momentos egoístas, mas no final, percebe os erros. Mesmo assim, gostei muito dessa história, à sua maneira. 4.5/5

Deixe a neve cair é um livro que encanta, alegra e faz qualquer um suspirar. É um livro fofo, bem escrito por mãos muito talentosas e que vale muito, muito a pena ler. Aliás, eu não ligaria se lançassem outra versão desse livro, talvez com outros autores, porque foi um livro que eu gostei muito e recomento extremamente para vocês!!


Autor(a): John Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle
Editora: Rocco
Ano: 2008 (original) - 2013 (Brasil)
Páginas: 352 (original) - 336 (Brasil)
Nome original: Let it Snow
Coleção: -

Há muito, muito, muito tempo eu queria ler esse livro. O esquisito? Eu o tenho na minha estante há uns três anos, mas sempre acabava enrolando pra ler, por algum motivo desconhecido. No entanto, aproveitei as férias e, finalmente, dei uma chance a distopia de Scott Westerfeld, da qual já ouvi tanto elogios quanto críticas.

Tally é uma feia prestes a completar 16 anos, que só consegue pensar em fazer a cirurgia que a transformará em perfeita e assim, poderá se juntar com seus amigos e, principalmente Peris, seu melhor amigo, e começará de verdade a viver. Tudo muda quando ela conhece Shay, uma feia da mesma idade, que não quer fazer a cirurgia e, na noite antes do aniversário de ambas, foge para a Fumaça, uma comunidade no meio da natureza onde os que são contra a cirurgia acabam indo. É aí que Tally tem sua vida mudada completamente ao conhecer as Circunstâncias Especiais, cheia de perfeitos aterrorizantes, e que só farão a cirurgia nela se ela conseguir achar onde a Fumaça fica.

O livro tem um começo bem lento, achei, talvez um dos motivos para que eu tenha demorado a lê-lo foi que os primeiros capítulos eram bem introdutórios. No entanto, conforme vemos a amizade de Shay e Tally crescendo, a chegada do aniversário de 16 anos e, finalmente, quando as coisas começam a ficar complicadas, é aí que entramos de vez na história. Tally é uma protagonista inteligente, esperta, boa em aprontar coisas na Vila Feia, onde mora, mas aos poucos, dá pra ver que ela se torna mais do que isso, conforme vai descobrindo o que o governo, que tanto achava que era maravilhoso, é na verdade cruel e drástico. Gostei dos personagens num geral, mas senti falta de uma maior empatia com os outros, tirando a protagonista, que eu gostei e torcia por.

Aliás, por ser um livro distópico, a sociedade como plano de fundo é fundamental. Em Feios, nós descobrimos em parte como o mundo se tornou o lugar que é na história, mesmo que não tenhamos nada concreto. Aliás, uma coisa que eu pensei nesse livro e que costumo não achar em outros livros foi que esse, mais do que todos os outros distópicos que já li, é o que eu poderia mais chamar de “racional”.

Sim, é loucura que todos tenham que fazer certa cirurgia que os mudará totalmente com certa idade, mas é possível entender por que há essa “necessidade” de igualdade, afinal, vivemos num mundo que as diferenças de etnias, classes sociais, aparências, influenciam muito no relacionamento das pessoas, então é, pelo menos na teoria, lógico tentar fazer as pessoas mais iguais. Claro que, como até mesmo Tally aponta no livro, por que não simplesmente deveria haver uma reeducação no pensamento, de modo a não julgarmos imediatamente as pessoas?

Mesmo assim, por o argumento da atual sociedade ser bom dessa forma, achei um pouco falho o porquê de algumas pessoas serem tão contra a cirurgia, no começo da história, mas Scott não me decepcionou, construindo uma história bem legal.

Algumas coisas que ocorreram eu já conseguia imaginar, afinal, eu sempre espero alguma grande surpresa, mas nem por isso o livro deixa de ser tão bom. Feios não é o livro que te pega de primeira, mas aos poucos, você se aproxima dos personagens e quer saber o que irá acontecer naquele mundo. O final é de deixar qualquer um louco pela continuação, Perfeitos, além de lançar mais alguns mistérios no ar, o que foi uma jogada legal do Scott.

O romance, que fica apenas sugerido em um primeiro momento, aos poucos se desenvolve entre Tally e ninguém menos que David, um feio que foi criado na Fumaça, do qual Shay gosta. Em si, com todos os motivos para não dar certo. No entanto, é um romance fofo de se ver, nada que me fizesse suspirar, mas é bonito ver como David aos poucos muda Tally, abrindo seus olhos para o que a cirurgia realmente significa: uma mudança não só de aparência, mas também de personalidade. Ele pode não ser meu personagem mais querido, mas é fundamental pra que Tally se dê conta da verdade.

Se você gosta de distópicos, transformações e todas essas coisas loucas e legais, Feios é um must-read. Se gosta de livros muito bons, também deveria dar uma chance.


Autor(a): Scott Westerfeld
Editora: Galera Record
Ano: 2005 (original) - 2010 (Brasil)
Páginas: 448 (original) - 415 (Brasil)
Nome original: Uglies
Coleção: Feios, #1
Meme semanal hospedado pelo Lost in Chick Lit, onde compartilhamos pequenas informações sobre a nossa semana literária. Tendo como principal objetivo encorajar a interação entre os blogs literários brasileiros, fazer amizades e conhecer um pouquinho mais sobre outras pessoas apaixonada por literatura. Tem interesse em participar? Saiba como aqui!

♥ Leitura do Momento:
- A Cidade dos Segredos, de Sasha Gould.
- Enders, de Lissa Price.
- Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

 Li Essa Semana:   
- Poseidon, de Anna Banks.
- Paixão sem Limites, de Abbi Glines.

Quando eu li a sinopse desse livro, eu esperava uma determinada história, mas assim que comecei a ler, fui surpreendida, porque a realidade é que essa sinopse nos mostra um pouco apenas do mundo em que se passa A Agenda.

Com uma narrativa ótima, rápida e ao mesmo tempo, nada ordinária, é fácil ler rapidamente o livro, mesmo que não seja recheada de acontecimentos emocionantes ou revelações surpreendentes. Achei isso um ponto positivo, afinal, é um livro sobre o cotidiano de pessoas normais e comuns e conseguir construir uma narrativa tão gostosa sobre um assunto que facilmente cairia no “tedioso” é um ponto positivo sobre a escrita de Varella.

A história em si conta sobre a vida de várias pessoas, que trabalham num escritório de uma importante empresa do ramo da educação, mas, mais especificamente sobre Sandra Macedo, uma executiva muito bem sucedida profissionalmente, mas com uma vida pessoal terrível, afinal, não é próxima da própria filha e seus relacionamentos amorosos são todos supérfluos e passageiros.

Além da história de Sandra, somos apresentados a Carrano, um homem que adora escrever e com uma condição de vida precária, vivendo com seu sobrinho, uma criança inteligente e esforçada. Aparentemente a história dos dois jamais se cruzaria, vista a condição de cada um, mas graças a uma agenda – sabiamente colocada como o título – duas pessoas de mundos diferentes se conhecem.

A escrita de João Varella é, sem dúvida, a melhor parte desse livro. Ele consegue dar um tom leve e ao mesmo tempo consciente, aos acontecimentos do livro, sem de fato julgar ou querer pegar o caminho fácil. O prefácio é uma grande explicação dessa habilidade de Varella, aliás, tudo o que lemos lá faz sentido após terminarmos a leitura do livro.

Varella não espera um mundo perfeito, com pessoas que mudam por amor, ou que se tornam melhores. Ele encara o mundo como ele é, ainda, infelizmente, mas longe de ser uma narrativa melancólica e depressiva, A Agenda é um livro muito interessante que pode revelar mais sobre nós mesmos do que pensamos.


Autor(a): João Varella
Editora: Novo Conceito
Ano: 2013 (original)
Páginas: 240 (original)
Nome original: -
Coleção: -

Uau, finalmente consegui ler esse livro! Ainda lembro-me da primeira vez que ouvi falar dele, das resenhas positivos (não sei por que, mas sempre lembro do maldito cisne! *referências*), da capa terrível da primeira edição e, finalmente, no meu aniversário em 2013, acabei ganhando outro livro do John que já tinha e, duh, troquei por esse que queria tanto ler.

Na realidade, eu sei que ficar falando de outras coisas sem sentido na resenha é meio ~chato~, mas nesse caso, eu queria comentar uma coisa. No dia que fui no shopping, logo depois de eu ir à livraria pra trocar o livro, fui no Burguer King (porque, né, amo forte) e o atendente, simpático, me perguntou se era um livro aquilo que eu lia enquanto minha mãe pagava (sim, porque eu já estava lendo). Falei que sim, e gente, o mais curioso foi sua reação: “O quê? Como assim? Pra quê você tá lendo esse livro? Pra que você tá lendo?” e, mesmo eu explicando por que ler é tão bom e que, às vezes, pra se apaixonar só precisa de um empurrãozinho, ele não acreditou em mim, mas espero, no fundo do coração, que ele tenha mudado um pouquinho de ideia e, uma hora, quando passar na frente de uma livraria, queira entrar.

Mas enfim, desculpas, mudei o assunto completamente, mas É ISSO que acontece quando eu resenho um livro do John! Muitos assuntos! Enfim. Quem é você, Alasca?, pra quem não sabe, é o livro de estreia do autor e, já nele, nós podemos saber porque os americanos passaram a amá-lo tanto depois de ser publicado. A história conta, basicamente, sobre Miles, um menino normal, mas que é viciado em últimas frases, e que resolve mudar de escola para, quem sabe, fazer amigos, indo estudar num internato que o seu pai estudou quando tinha sua idade.

Além dele, temos Alasca (DUH), Coronel e Takumi, os amigos que Miles faz enquanto estuda por lá. Cada um tem sua característica e eu acabei gostando de todos, mas principalmente, do Coronel, porque ele me passou uma sensação de inteligência e perspicácia que amo nos personagens. No entanto, não posso negar, Alasca é a personagem destaque do livro. Miles, em pouco tempo, passa a gostar dela, mesmo ela sendo comprometida, afinal, ela é interessante, agitada, inteligente e o trata super bem.

A narrativa é bem gostosa, principalmente porque Miles é um personagem curioso, o que torna seus comentários ótimos, principalmente os relacionados às últimas palavras das pessoas. É um livro divertido, sim, mas, além disso, ele quer algo a mais. Ele não trata os adolescentes só “no papel” e, pelo que eu senti, procura mostrar o que nós realmente somos e, diante de algumas situações improváveis (mas que infelizmente acontecem), como reagimos. É, sem dúvida, um livro tocante, de uma maneira nada clichê ou melosa, porque o autor soube dosar de uma maneira certa diversos assuntos, comuns a nós, adolescentes.

Quem é você, Alasca? não faz apenas essa pergunta a Alasca, e sim a todos, principalmente ao próprio protagonista, que, indo atrás do “grande talvez”, acaba encontrando consigo mesmo. O mundo não é perfeito, tudo é passageiro, mas o que esse livro me fez pensar? É que, mesmo assim, as coisas mais simples são incríveis (sim, eu falo coisas meio loucas, obrigada).


Autor(a): John Green
Editora: WMF Martins Fontes
Ano: 2005 (original) - 2013 (Brasil)
Páginas: 221 (original) - 229 (Brasil)
Nome original: Looking for Alaska
Coleção: -

Já fazia um tempinho desde que eu li o último livro da Meg. Nem por isso eu deixei de gostar da sua maneira de contar histórias, irreverente, rápida e leve.

No entanto, li poucos livros sobrenaturais dela, que dizem ser os melhores, então estava curiosa com Abandono, que é uma releitura do conto de Perséfone e, não sei se vocês sabem, mas eu adoro a mitologia grega.

Pierce Oliviera é uma menina de 17 que já passou por muitas coisas, como morrer e retornar à vida e ser expulsa de seu colégio. Tudo isso a liga a John, um cara misterioso que ela não sabe direito quem é, mas por quem sente um misto de ódio e atração. Narrada em primeira pessoa por ela, nós vemos a mudança de Pierce para uma ilha onde sua mãe cresceu, Isla Huesos. No entanto, mesmo querendo alguma paz e tranquilidade, Pierce acaba novamente se encontrando com John e, como sempre, isso traz mais problemas a ela.

A história é bem rápida e divertida, gostei da Pierce como protagonista e seu relacionamento com John aos poucos vai se tornando algo mais, porque afinal, apesar de negarem, os dois estão ligados por um laço muito poderoso. No entanto, em grande parte do livro nós estamos no escuro, sem saber direito o que aconteceu com Pierce ou quem é, de fato, John (apesar de eu ter uns palpites).

Isso, no começo da história, foi normal, mas achei que a Meg exagerou um pouco nessa enrolação no resto do livro, porque, no final das contas, esse primeiro livro se tornou extremamente introdutório, já que nós só descobrimos o que aconteceu no passado, e no presente, algumas poucas coisas acontecem e muitos mistérios continuam.

John é um cara e tanto, do tipo fácil de apaixonar-se, e eu dei vários sorrisinhos com suas conversas com Pierce. Aliás, gostei que Pierce, apesar de ter seus momentos de bobeira, é alguém que luta e que persiste no que quer. Quando finalmente descobrimos o que aconteceu com ela, tenho que falar: gostei dela mais um pouco!

O final é bem feito, aliás, as últimas páginas são muito boas num geral. Meg criou um território bem legal a se explorar na continuação que eu espero, revele mais alguns mistérios e resolva as pontas soltas. É um sobrenatural interessante, divertido e pra quem gosta do estilo que a Meg escreve, vai adorar esse livro.


Autor(a): Meg Cabot
Editora: Galera Record
Ano: 2011 (original) - 2013 (Brasil)
Páginas: 304 (original) - 304 (Brasil)
Nome original: Abandon
Coleção: Trilogia Abandono, #1

Quando eu li a sinopse desse livro, eu não sabia bem o que pensar do assunto. Quero dizer, não é um tema muito abordado, pelo menos não pelos olhos de um adolescente. E é aí que a McDaniel tem seu maior trunfo: ela aceitou o desafio de escrever sobre um assunto seríssimo, envolvendo adolescentes, porque é algo que ocorre com pessoas jovens, por mais que pareça longe da realidade considerada “normal”.

A história é narrada por duas meninas, as protagonistas da história: Kassey, a melhor amiga para todo o sempre de Elowyn, uma menina feliz e agitada. As duas sempre estão unidas e, pela visão de Kassey, nós descobrimos como ficaram próximas e pelo que já vivenciaram. No entanto, tudo muda na vida calma de Kassey quando Elowyn sofre um acidente e acaba falecendo. Além disso, por ser uma doadora de órgãos, o coração de Elowyn acaba indo para Arabeth, a outra personagem que narra a história. Desde pequena Arabeth teve que conviver com um coração fraco, impossibilitada de fazer as coisas mais simples que uma criança faz e, quando finalmente recebe o transplante, é outra menina, feliz, animada e... Em certos momentos, parecidíssima com Elowyn.

A escrita da Lurlene é ótima! Conhecer Kassey, Elowyn e seus amigos, antes do grande acontecimento, criou um contexto que, quando ocorreu o que nós já sabíamos que aconteceria desde o começo, quebrou meu coração. Perder uma pessoa tão importante da sua vida e assim, tão de repente, nunca se torna fácil. Arabeth também é uma personagem bem-construída e, além dela, temos também um desenvolvimento da sua família, de onde mora e tudo o mais. As duas personagens, mesmo que não pareçam ter algo em comum, já experimentaram coisas difíceis, como a separação do pai.

Todos esses momentos em que Arabeth tinha uns momentos “Elowyn” não pareceram forçados, ou um sobrenatural barato. Há apenas relatos de que isso acontece de vez em quando com os receptores da doação de um coração, mas mesmo assim, foi algo colocado na história de uma maneira muito boa, se tornando mais alguma característica de Arabeth, que, afinal, não era definida só pela sua antiga condição.

De coração para coração foi uma boa surpresa, me conquistando com sua beleza simples e por tratar de um assunto complicado de uma maneira delicada e realista. Estou mais que curiosa para ler mais livros dessa autora!


Autor(a): Lurlene McDaniel
Editora: Novo Conceito
Ano: 2010(original) - 2013 (Brasil)
Páginas: 214 (original) - 208 (Brasil)
Nome original: Heart to Heart
Coleção: -

Vou confessar uma coisa pra vocês: escrever a resenha de um livro do John Green é muito difícil pra mim, porque eu geralmente adoro o livro, mas (como sempre acontece com coisas que amo além da conta) não consigo explicar ao certo porque ele me conquistou tanto (o que não significa que não existam motivos). Portanto, esse é o motivo de eu demorar em escrevê-las.

Mas esse livro é, sem dúvida, o que me deixou com mais “cara de pergunta” dos que já li de John. Cidades de Papel, já pra começar pelo nome, promete um bom mistério e, sem dúvida, entrega isso, até demais. O protagonista da vez é Quentin, um típico menino, nem popular demais, nem antissocial, só uma pessoa comum, com dois melhores amigos, Ben e Radar. Quentin é meio chatinho, por assim dizer, porque não tem aquela coisa diferente ou que faz a gente sentir empatia por ele. Em compensação, Radar é um ótimo personagem, aliás, um cara muito engraçado e inteligente. Ben, pra falar a verdade, é um pouco irritante, o que eu acho aceitável até um ponto, mas pra falar a verdade, às vezes não sei se era um verdadeiramente bom amigo pra Quentin.

E, claro, temos o motivo de todo esse mistério: Margo, a vizinha de Quentin desde sempre. Margo, ao contrário dos três, é extremamente popular por sempre aprontar alguma coisa curiosa e diferente, como fugir por alguns dias sem avisar ninguém e voltar como se nada tivesse acontecido. Margo não é alguém fácil de lidar, não vou mentir. Vocês já conheceram aquelas pessoas que têm uma personalidade forte e teimosa? Pois é, Margo é uma representante desse estilo. No entanto, ela também é intrigante, e é impossível não ficar curiosa com o que acontece com ela.

Ela e Quentin não se falam há anos (talvez pelo fato de que ele não é tão popular quanto ela), mas uma noite, ela aparece na janela dele pedindo por ajuda e, ele sendo caidinho por (mesmo que não seja algo escancarado), a ajuda, e eles fazem as coisas mais loucas – e típicas de Margo – nessas poucas horas. No dia seguinte, no entanto, Margo desaparece e ninguém não faz ideia da onde ela está, tirando, talvez, Quentin, a quem ela deixou algumas misteriosas e confusas pistas.

A história é bem legal, mas não achei a narrativa ou o desenvolvimento tão bom quanto se espera de um livro desse autor, francamente. O problema com o mistério da Margo é que Quentin fica sempre pensando nisso, fazendo de tudo para encontra-la e, sendo uma narração feita por ele, isso chegava a ser cansativo e repetitivo em alguns pontos, perdendo a graça do mistério. Além disso, apesar de eu gostar dos capítulos finais, a maneira como a história foi fechada foi tão WHAT? que eu ainda estou pensando se gostei ou não, porque deixa várias pontas abertas e, ao mesmo tempo, é genial.

Cidades de Papel é um livro, assim, diferente. Sim, possui o clássico estilo do John que eu tanto amo, mas uma história meio esquisita e um protagonista tão perdido quanto nós. No entanto, é impossível negar: é um livro muito bom e, se você gosta do John como eu, eu recomendo muito mesmo.


Autor(a): John Green
Editora: Intrínseca
Ano: 2008 (original) - 2013 (Brasil)
Páginas: 305 (original) - 368 (Brasil)
Nome original: Star-crossed
Coleção: -

Meu primeiro livro com a Lisa Gardner foi uma ótima experiência, porque ela tem um dom de criar casos muito bem feitos, com resoluções legais e, além disso, geralmente tratam de assuntos bem diferentes, o que torna tudo mais interessante.

Em Esconda-se, há, novamente, uma divisão de histórias, que depois se cruzam: a da sargento D. D. Warren (a protagonista da série), que se depara com um caso pra lá de esquisito, ao encontrar uma cova no terreno de um antigo hospício em Boston com seis corpos de meninas. Annabelle, uma moça que sempre esteve fugindo, sem nem ao menos saber do quê. Bobby, o novo detetive da polícia, amigo de D. D., que é chamado por ela ao caso.

A história se desenvolve sem pressa, como já é característico da Lisa, mas nem por isso significa que é arrastada. Pelo contrário, por ser feito sem muitas informações em poucas páginas, temos a oportunidade de ver um caso com detalhes bem pensados surgir aos poucos. O que eu gosto do jeito que a autora escreve, além dela dividir as histórias e depois interliga-las, o que eu acho super legal, é que nós temos a oportunidade de vermos um pouquinho da vida pessoal de cada um dos personagens principais, o que os torna mais reais, mais próximos. Não sei vocês, mas tá aí uma série que seria legal ver um seriado de TV baseado (viajei, eu sei, mas gente, ia ser legal!).

Eu não tinha gostado muito da D. D. no livro passado, mas achei que nesse ela está mais humana, mais legal. Além disso, o Bobby também é um personagem bem interessante, corajoso e com um passado que, apesar de não ser totalmente revelado nesse livro, eu gostaria muito de saber mais. Annabelle, por sua vez, é uma personagem curiosa. Eu ficava o tempo todo pensando em todas as perguntas que estão sempre à volta, como o porquê da fuga constante dela e de seus pais e, quando finalmente descobrimos as respostas, apesar de eu ter algumas suspeitas, eu sempre fico feliz, porque sempre tem algo a mais que eu não tinha pensado (pois é, eu gosto de ser mais burra que o autor em livros de suspense, porque senão perde a graça, né?).

Nesse caso, por exemplo, além do caso principal, nós também conhecemos outros casos, que podem ou não ter ligação com o principal, mas mesmo assim, vale a pena só por saber, porque a Lisa tem essa coisa de conseguir contar uma história de suspense sem deixar na cara o culpado e, mesmo assim, nos dar a história do crime muito bem, tanto que minhas partes favoritas sempre são as que têm mais informações sobre isso (e não necessariamente a revelação, apesar de que é legal essa parte também).

Portanto, se você gosta de um bom suspense, não tenha dúvida: Lisa Gardner não vai te decepcionar; pelo contrário, provavelmente vai te deixar com mais vontade de ler os livros dela!


Autor(a): Lisa Gardner
Editora: Novo Conceito
Ano: 2007 (original) - 2013 (Brasil)
Páginas: 313 (original) - 400 (Brasil)
Nome original: Hide
Coleção: Detetive D. D. Warren, #2

Sabe quando você acha que não vai se surpreender com o livro, porque já sabe o que vai acontecer, mas mesmo assim, acha que vai ser uma leitura divertida? Pois é, Star-crossed surgiu assim na minha vida. Ganhei num sorteio, fiquei feliz, mas acabei esquecendo de lê-lo. Então, nas férias, resolvi dar uma chance, afinal, apesar de Romeu & Julieta nem de longe ser minha história favorita, adoro as adaptações que fazem (vide o fato que gosto bastante de Julieta Imortal).

E, nessa mais nova adaptação da história dos amantes desafortunados, temos Jen Anderson, uma menina de uns 14 anos, que adora teatro, e Chris Banner, da mesma idade, seu desafeto pessoal. Tudo porque, há muito tempo, os pais de ambos brigaram por um motivo que, eu pessoalmente, achei que poderia ser mais bem desenvolvido, ou simplesmente poderia ser algo mais significativo, sabe? Mas relevei, é um livro infanto-juvenil, não estava esperando um motivo daqueles, claro.

A narração de Star-crossed é um caso à parte, aliás. Não é primeira nem terceira pessoa, e sim segunda, o que torna a leitura bem diferente, e eu gostei bastante disso. É, de fato, como se você fosse a pessoa na história, agindo e falando. Meio esquisito no começo pra se acostumar, mas não deixa de ser uma boa jogada da autora.

A história se desenvolve à medida que Jen e Chris são obrigados a protagonizar juntos a peça da escola, Romey & Julieta, uma das favoritas de Jen, como o casal principal, mesmo se odiando. É bem fofo e engraçado vê-los brigando, discutindo e, aos poucos, notando que são o típico “opostos se atraem”. Não sei se vocês sabem, mas eu amo esse tipo de casal porque não fica naquela mesmice chata, já que, por serem diferentes, nunca ficaram muito na rotina. Então, é, eu gostei disso tudo.

Além dos protagonistas, também temos o melhor amigo (gay) da Jen, Reuben, que é engraçadinho, mas não achei nada de mais, nada que me cativasse muito, infelizmente, e Steve, um típico pegador, que sempre quer sair com Jen, afinal, ela é uma das poucas que ainda não ficaram com ele.

O que eu estranhei, no entanto, não foi a narração, e sim o comportamento dos personagens, seu desenvolvimento. A sensação que a história toda passa é de que são adolescentes da camada mais nova (uns 12, 13 anos), mesmo sendo mais velhos. E, como sempre se comportam assim, você se acostuma, até que, do nada, há um comentário mais velho deles e eu ficava “Ãhn? Como assim?”, porque, não sei vocês, mas os personagens desse livro tinham uns comportamentos meio diferentes pra um pessoal dessa idade.

Claro que isso não estraga a história, mas, por algum motivo, os personagens não me conquistaram tanto quanto eu imaginava. A história, mesmo assim, é fofa e divertida, bem despretensiosa. Se você quer algo mais leve, Star-crossed é perfeito.


Autor(a): Rachael Wing
Editora: Fundamento
Ano: 2007 (original) - 2011 (Brasil)
Páginas: 192 (original) - 172 (Brasil)
Nome original: Star-crossed
Coleção: -

Nossa, não acredito que eu já li três livros da Susane! Essa autora ainda está na média comigo, não me conquistou totalmente, mas, aos poucos, estou me acostumando com sua escrita e aprendendo a ver a beleza nela.

Tipo Destino contava a história de duas melhores amigas, Lani e Erin, que apesar de serem tão próximas, não são nada parecidas, tirando o amor por astrologia. No entanto, o relacionamento delas é muito bom, até Jason surgir, o novo namorado de Erin, com quem Lani, sem explicação alguma, sente uma ligação forte. O pior é que Jason também sente isso, mas e Erin?

“É interessante como se pode conhecer uma pessoa por longo tempo e, então, um dia simplesmente a vemos de um jeito totalmente diferente.” (pág. 20)

Narrado por Lani, nós logo vemos como ela leva a sério essa coisa de signos, leitura de mãos e tudo o mais. Inclusive, ela acaba “convertendo” seu melhor amigo, Blake, para esse tipo de coisa, o que acaba ajudando, afinal, Blake é gay, mas não pode se revelar por causa de seu pai, que jamais aceitaria isso.

Eu até que gostei da Lani, se compararmos com as outras protagonistas da Susane. Ela é, apesar de ser meio calma, comparada com Erin, inteligente e legal. Claro, não é uma maravilha, mas Blake é bem legal, o que acaba compensando a falta de carisma que Lani tem.  Aliás, por mais que eu também acredite no destino, Lani falava o TEMPO TODO sobre isso tantas vezes que chegava a ficar irritante, principalmente quando isso é usado como justificado para não fazer nada, afinal, “é o destino”.

“- Seria legal acendermos alguma luz – digo.
- Acha mesmo? Porque acho que a luz é muito superestimada.” (pág. 112)

Erin até deve ser uma boa amiga, mas nesse caso, eu a achei extremamente cruel e egoísta. Não, eu não tenho noção de como seria se minha amiga roubasse meu namorado, mas, pelo o que a história passou, o relacionamento dela com Jason não era tão forte assim, tornando seu comportamento um pouco exagerado. Jason é fofo, legal, bonitinho e um excelente namorado, que claramente combinava muito mais com Lani do que com Erin, desde o começo é notável isso.

As demais histórias que vão surgindo não possuem nada de mais, aliás, são uma característica da Susane criar essas mini-histórias e, no final das contas, elas acabam se juntando com a principal para explodir tudo na cara da protagonista e depois ter uma resolução que eu ainda não acho das melhores, porque deixou algumas pontas soltas que, pra mim, se resolvidas, tornariam o livro mais especial!

“O Desconhecido é assustador. Sempre terei medo do futuro. Mas a questão é que o Desconhecido também pode ser empolgante. Sua vida pode mudar de um instante para o outro. Mas, às vezes, essa mudança é a melhor coisa a lhe acontecer na vida.
Talvez eu não precise saber qual é o meu destino para conseguir acreditar que tudo vai ficar bem. Talvez não saber seja o que nos mova para frente. Para onde quer que eu vá, saberei que é exatamente onde deverei estar.” (pág. 269)

Tipo Destino é legal? Sim. No entanto, apesar de eu gostar da escrita da Susane, o meu maior problema quase sempre são as histórias, que nem sempre são bem desenvolvidas, impedindo que eu ame (como eu normalmente amo) os livros desse jeito.


Autor(a): Susane Colasanti
Editora: Novo Conceito
Ano: 2010 (original) - 2013 (Brasil)
Páginas: 268 (original) - 288 (Brasil)
Nome original: Something Like Fate
Coleção: -

Flávia é uma jovem universitária como qualquer outra que, em seu primeiro ano de faculdade, longe de casa, espera fazer amizades, passar de ano e, de preferência, não sofrer muitos trotes. Assim que chega lá, faz amizade com Gustavo, um calouro como ela, e Felipe, um menino encantador, feliz, engraçado e que logo a conquista. Além disso, ela também acaba conhecendo sua vizinha, uma senhora simpática chamada Sônia, e fica próxima de Lauren, filha de uma conhecida de seus falecidos pais.

Tudo ia bem, até Luigi, um dos amigos mais próximos de Felipe, voltar de uma viagem à Europa, que fez com a mãe após a morte de seu irmão, Ricardo. Luigi e Flávia trocam farpas de primeira, e não ajuda nada o fato de que ele namora a bitch da cidade, Carla. Porém, o mais confuso está por vir: Flávia descobre que é uma bruxa e Carla também e, pra piorar, ela anda fazendo uns feitiços contra Flávia, para que ela não encontre sua alma gêmea.

“- Pode comer pão de queijo vendo TV?
- Criança. – Flávia não conseguia parar de rir de Felipe. Ao mesmo tempo que parecia um homem, fazia coisas que lhe lembrava um menino.
- Eu juro que não deixo cair nem um farelo no chão.
- Ok. O que você quer beber?
- O que você tem?
- Suco, refrigerante, leite.
- Cerveja?
- Cerveja não combina com pão de queijo.
- Cerveja combina com tudo.
Flávia virou os olhos.
- Hum, tem suco de uva? – perguntou ele.
- Não.
- Não? Você disse que tinha suco.
- Mas não de uva. Eu não gosto de suco de uva.
- Mas por quê?
- Sei lá... Não gosto, não tem um porquê.
- Que ser humano não gosta de suco de uva?
- Eu, Felipe, eu.” (pág. 18)

Sim, não tem como negar, eu estava muito curiosa com esse livro. Apesar de achar muito estranha a capa (ai, não gosto mesmo! Mil vezes a original!), a história tinha bruxas e, em geral, livros com bruxas se tornam meus queridinhos. A narrativa é em terceira pessoa, o que nesse caso foi bom, pois nos ajudou a adentrar a mente não só da protagonista, mas dos outros também. Isso foi interessante porque esse tipo de história é daquelas que a protagonista geralmente sabe tanto quanto o leitor e, como era em terceira pessoa, nós podíamos ver outras situações sem a Flávia e, assim, não ficar tão perdido na história.

Eu gostei bastante dos personagens, mas, em alguns casos, achei que a “evolução” que eles sofreram os tornou personagens não tão legais e com uns desfechos não tão bons quanto eu imaginava! Mesmo assim, a Flávia é uma protagonista legal, meio boba e inocente, mas é algo compreensível, porque, nos momentos certos, ela é curiosa e procura saber o que aconteceu. Felipe é um dos melhores personagens no começo, engraçado e interessante, pena que não foi feita para Flávia e, por mais gente boa que seja, definitivamente não era um “keeper”.

“- Vocês piraram? Vocês realmente acham que esse garoto irritante, insuportável e metido é a pessoa por quem eu vou me apaixonar, casar, ter filhos e viver o resto da minha vida?
- Acho, Flá.” (pág. 243)

E o Luigi... Bem, ele e Flávia, juntos, rendiam boas cenas. No começo, quando se odiavam, e depois, quando começaram a serem amigos e depois, quando viraram namorados. É bonitinho ver a relação deles mudando e crescendo.

Além disso, gostei que a Graziela pensou em outras histórias e deu um bom fechamento a elas, como a de Lauren, a melhor amiga de Flávia, que no final se revelou uma personagem bem interessante e importante para Flávia, lhe abrindo os olhos, porque vamos combinar, as protagonistas sempre são as mais lerdinhas nesses casos e precisam, muitas vezes, de uma melhor amiga, rs.

“- A Carla teve um braço quebrado, alguns cortes e hematomas pelo corpo todo. O Felipe também se machucou muito. Eu tive apenas alguns poucos cortes superficiais e o corpo dolorido. Fui o que menos se machucou. Ninguém diria que eu havia sofrido um acidente de carro, no máximo caído da escada ou rolado uma ladeira. As pessoas me viam e falavam que eu tinha sorte. Sorte? Meu irmão morreu e todos falavam isso. Irônico, não é?” (pág. 313)

Enfim, eu fiquei feliz com a história e com a escrita da Graziela. Mesmo sendo seu “début”, ela fez um bom livro e espero logo muitas novidades dela e futuros livros.


Autor(a): Graciela Mayrink
Editora: Novo Conceito
Ano: 2013 (original)
Páginas: 384 (original)
Nome original: -
Coleção: -