Um romance. Londres. Essas três palavrinhas me deixaram com água na boca por Charlotte Street. Tinha o potencial de ser um livro fofo e com uma história linda, mas será que ele conseguiu cumprir seu potencial?

Jason é um cara comum, atualmente vive de favor no apartamento do melhor amigo, Dev, e está sem nenhuma expectativa na vida, porque ele só um “ex”: ex-professor, ex-namorado... Aquelas pessoas sem esperança na vida, sabe? Mas tudo muda quando ele conhece “A Garota”. É um amor a primeira vista e, aparentemente, de mão única, já que só Jason fica encantado. Com isso, ele quer retomar, quer achar a Garota, quer tomar uma atitude. Com a ajuda de Dev, os dois acabam descobrindo muito mais que apenas o nome da moça que mexeu com o coração de Jason.

“Não sei como o Dev achava que elas poderiam me levar a ela. Ele não tem uma câmera. Talvez ele ache que as pessoas frequentemente tiram fotos de si mesmas segurando um pedaço de papel com os detalhes de seu contato. Talvez ele ache que todos nós posamos em frente a placas de trânsito, e apontamos para qual casa moramos, só para o caso de algum estranho encontrar nossa câmera e quiser aparecer de repente. E vamos dizer que, por qualquer razão, seu sonho mais selvagem se realizasse, e tivesse uma foto desse tipo, e aí?
Eu dou um jeito, certo? Bato na porta e digo ‘Oi!  Meu amigo e eu revelamos suas fotos particulares e então as examinamos cuidadosamente para que assim pudéssemos vir à sua casa ver você!’. Ela nunca mais deixaria que alguém tirasse fotos dela.” (pág. 58)

Como eu disse, o livro tinha ingredientes muito bons... Mas não foi tudo isso que eu pensei que seria! Não sei se era o momento que li que não era o dos melhores – visto que demorei séculos para terminá-lo, e foi quase forçada (!) - ou se a história peca em conquistar o leitor, o fato é que o livro acabou se tornando meio confuso e enrolado para mim.

O protagonista me lembrou imediatamente dois outros: Thomas Clarke, de Cruzando o caminho do Sol, e Ben Bailey, de Um mundo brilhante. Talvez por os três se encontrarem mais ou menos na mesma encruzilhada, onde não sabem se o que fizeram com a vida foi o que queriam fazer. Jason não me conquistou, porque era alguém bem desanimado. Mas o personagem que realmente surpreendeu foi seu melhor amigo, Dev, com ótimos conselhos e um humor impecável.

“Ele parou, e estava adorando o suspense. Geralmente, eu também amo pausas dramáticas, é verdade. Posso pausar por até um minuto; é como um dom. Sarah costumava dizer que a vida acontece nas pausas; que algumas pausas são grandes pausas; pausas reconfortantes. A pausa que o taxista te dá no segundo depois que você fala o nome da rua, o segundo depois do aceno que confirma que ele sabe o caminho. A pausa entre as propagandas no cinema, quando a música e as imagens e o barulho desaparecem todos de uma vez, e tudo o que resta é a luz de um celular sendo desligado ou o lento barulho constrangido de um pacote. Mas essa pausa de Gary... Não era uma boa pausa. Não havia nenhum conforto a ser retirado dessa pausa.” (pág. 91)

Eu não lembro exatamente onde li isso, mas creio que foi em alguma resenha há algum tempo: “Não é um romance, é uma história sobre Jason encontrando a si mesmo” e foi bem o que eu pensei também. O foco, apesar do que tudo pode indicar, não é muito em encontrar A Garota e sim em fazer Jason se tornar alguém melhor, alguém que ele queira ser. A Garota é nada mais que o “estopim” para que todo esse processo se inicie, afinal, graças a ela, Jason sai da sua concha, descobre mais sobre outros e sobre si mesmo que jamais teria achado possível.

“PS: Há um clichê que estou acostumada a ouvir em novelas ou em bares, quando estou prestando atenção. Uma pessoa olha para outra e diz, bem séria: ‘As coisas mudam. As pessoas mudam’.
Eles enfatizarão “pessoas” para que saibamos que estão falando sobre “pessoas”, e então farão uma pausa depois de dizer isso para que você veja quão séria elas estão.
Acredito realmente que as coisas mudam, é claro. Mas, na minha experiência, acredito que, frequentemente, as coisas mudam porque as pessoas não mudam.” (pág. 108)

O problema é que, nessa coisa de se encontrar, a história acabou se tornando meio enrolada. Não me sentia muito motivada a lê-la, o que é um defeito, provavelmente causado pelo próprio desenvolvimento, já que a escrita de Danny Wallace é pra lá de interessante – Jason tem um jeito bem curioso de contar suas opiniões, o que chega a ser confuso às vezes por não sabermos se é algo atual ou no passado.

Algumas outras coisas também podem confundir, como as várias referências a lugares diferentes que Jason faz, de Londres e da Inglaterra num geral. Eu, pelo menos, não conhecia a maioria delas, o que me deixou meio perdida, mas, ao mesmo tempo, morrendo de vontade de conhecer a Londres dos londrinos e passar por esses lugares.

“- O negócio com as descartáveis é que elas são fotos especiais. Você deleta fotos normalmente, porque você sabe que pode, então você as apaga sem pensar ou considerar a qualidade ou o tempo. Você tira uma, e decide se está muito bêbado, ou gordo, ou cansado, e você tira outra, usando o recurso especial para detectar sorrisos. Mas essas... (...) Essas são cliques característicos. Cliques da vida. Momentos felizes ou especiais, e você tem que tirá-las. Você tem que planejá-las. Porque você pode perder os momentos. Você está sempre por um fio de perdê-los. (...) Você tem doze fotos – ele disse. – Doze momentos para capturar. É limitado. Então, toda vez que você captura um naquela caixinha, você tem um a menos. Mas, na hora que você tira a última foto, é melhor ter certeza de que aquele momento é especial, pois e se o próximo vier e você tiver que deixá-lo ir? (...) Com uma descartável, você quer completar sua pequena história. Terminar com um final. Ou com um novo começo. Um clique para leva-lo ao próximo rolo. (...) Você já é parte da história dela. Agora você tem que fazê-la parte da sua.” (pág. 138;/139)

O que eu queria ter visto mas não consegui foi a própria Garota. Nós passamos o livro inteiro atrás dela, sem saber quase nada sobre ela, e não conseguimos nem ver um pouquinho de como ela seria junto a Jason. Quando eu li o livro, eu imaginava que a busca pela Garota demoraria um certo tempo, mas nós também conseguiríamos ver o protagonista conquistando-a, porque seria algo bem fofo (sei lá, mas eu adoro isso!).

Aliás, estava aqui pensando, e sabe outra coisa que CS também me lembrou? How I Met Your Mother, aquela série de comédia. Sim, achei o Jason super parecido com o próprio Ted (o protagonista) e, a luta para encontrar A Garota, bem parecida com as mil histórias que Ted conta antes de finalmente conhecer a mulher de sua vida. Engraçado, né?

“As pessoas ao seu redor são você. Elas dividem a sua história. Elas podem até escrevê-la com você. E quando você perde uma, não há dúvida de que perde uma parte sua.” (pág. 366)

Charlotte Street é um livro interessante, com um pano de fundo ótimo e um desenvolvimento que poderia ser bem melhor. Mesmo assim, é uma leitura agradável, principalmente pela narrativa não usual.

 3 estrelas - 7,5

Autor(a): Danny Wallace
Editora: Novo Conceito
Ano: 2012 (original) - 2012 (Brasil)
Páginas: 416 (original) - 400 (Brasil)
Nome original: Charlotte Street
Coleção: -

Mais um livro da Susane Colasanti! Após a decepção com Bem mais perto, eu esperava que Esperando por você restaurasse minha expectativa com os livros dela. Será que ela conseguiu?

Marisa é uma adolescente quase como qualquer outra, mas esse ano, ela faz um pacto com a melhor amiga, Sterling, de que tudo será diferente. Afinal, quem nunca começou um novo ano e não falou “Não, esse ano eu vou fazer x e y, vou ser mais z e t”, né? Mas Marisa pelo jeito consegue melhorar sua vida, quando a sua crush de todos os tempos, Derek, começa a se interessar por ela e seu antigo amigo, Nash, volta a falar com ela. Tudo parece perfeito, até que de repente... Não está. Marisa tem o que sempre quis, mas não se sente tão feliz quanto pensou que se sentiria.

“É estranho como se pode viver tão perto de alguém, crescer com ele, sem de fato saber quem ele é. Talvez você o conhecesse, mas agora você e ele são como estranhos. É esquisito como o tempo é capaz de mudar algo que você achou que continuaria para sempre inalterado.” (pág. 17)

Marisa é uma personagem meio difícil de comentar. Ela é típica, mas ao mesmo tempo, tem coisas sobre ela que não encontramos nas protagonistas normalmente. Por exemplo, ela tem um problema de ansiedade sério, o que fez com que, no passado, sua reputação na escola fosse destruída por causa disso. Eu gostei disso, foi diferente, mas não foi muito bem abordado. Eu queria conhecer mais sobre esse lado da protagonista, porque poderia ser um diferencial maior do que foi.

“Normalmente mal posso esperar para saber o que vai acontecer na sequência de uma série, mas não consigo assistir a todos os episódios de uma vez, pois, assim que você assiste, eles, tipo, se vão. Para sempre. Eles nunca mais serão novos e essa primeira vez só acontece uma única vez, e você nunca mais vai ter este sentimento de excitação, de assistir a novos episódios. E isso é uma coisa triste e solitária.” (pág. 69)

Derek é o típico cara popular e, vocês querem saber? Não o achei tão cliché quanto pensei que seria. Claro, ele é popular, mas ao mesmo tempo, tem algumas peculiaridades que o tornam diferente do “popular de sempre”. Mas Nash foi uma surpresa muito boa! Eu meio que tenho uma queda por geeks e, mesmo que Nash não seja 100% isso, ele tem uma personalidade interessante e essa característica só ajuda a achá-lo mais fofo. A amizade e o envolvimento dele com a Marisa foram legais.

“- Eu só quero que tudo volte a ser como era antes – digo.
- Todos nós queremos coisas – ele responde.
- Mas por que a gente não pode voltar ao que era antes?
- Impossível ir a um lugar que não existe mais.” (pág. 100)

Agora, tenho que comentar uma coisa que notei nos livros da Susane: eles normalmente não fogem do lugar-comum mas, ao mesmo tempo, possuem alguns detalhes que o fazem ser levemente diferentes. Esperando por você é bem assim, o que não significa necessariamente algo ruim, porque tenho entre meus favoritos alguns livros que são bem típicos, mas que possuem personagens tão legais que você se sente lendo algo novo (Oi, Lonely Hearts Club, Plan B...). O meu problema com os livros da Susane é que eles nunca conseguem me conquistar pelos personagens dessa forma! Sempre é aquela coisa “Ah, é uma personagem legal, mas não entrava numa lista de personagens memoráveis”, sabe?

“Meu mais recente ataque verborrágico ao mural estava relacionado com o hábito de antecipar as coisas. Aquilo que você espera ansiosamente parece uma maravilha quando o imagina do jeito que espera que aconteça. Mas quando a coisa realmente acontece, é uma frustação tremenda. De que adianta ficar imaginando como será sua vida, quando a realidade é sempre uma decepção?” (pág. 181)

Uma das coisas que também poderia ter sido mais bem contada foram os podcasts que a Marisa ouvia e que a faziam se sentir melhor, principalmente nos tempos mais difíceis, como quando seus pais, que ela via como o “casal 20”, resolvem se separar. Eu esperava mais desses podcasts, pela propaganda que fazem na sinopse, e achei que seria algo menos óbvio, o que me deixou meio chateada.

“É como se fosse uma linha do tempo de nossas vidas paralelas, a maneira como vivemos a experiência das mesmas coisas: uma nostalgia agridoce dos tempos que nunca mais vamos viver novamente. É tudo muito intenso.
Intenso de uma maneira positiva. Pois tenho todas estas lembranças que nunca vou querer deixar para trás. Elas vão se tornar parte de mim, da pessoa em que vou me transformar quando for adulta. E estas mesmas lembranças também pertencem a Nash.” (pág. 228)

Mesmo assim, eu senti uma considerável melhor de Bem mais perto pra esse. Os personagens de EPV são bem mais reais e interessantes. Claro que senti falta de um fundo mais legal, já que tudo se passa numa cidadezinha sem grande importância, mas, mesmo assim, isso me faz torcer para que continue melhorando.

Andei vendo as médias dos livros e, como eu pensava, Esperando por você tem 3.82 contra os 3.63 de Bem mais perto. Pode parecer pouca coisa, mas pra vocês terem uma comparação, o primeiro tem a maior média e o segundo, só a quarta (de sete livros).*

“Se tem algo que aprendi no tempo em que passei com Derek é que os relacionamentos nunca são simples como parecem. E que é difícil mantê-los por um tempo longo. No mínimo, as coisas estão em constante mudança, e você precisa se adaptar a reviravoltas inesperadas. Mas tem uma coisa que todos temos em comum: todos queremos ser felizes. Isso nunca vai mudar.” (pág. 326)

Portanto, estou bem mais animada depois dessa leitura do que depois da primeira. Se você quiser se arriscar, vai fundo, porque é garantia que pelo menos a escrita da Colasanti vai te deixar feliz (e o Nash, claro!).
*segundo o Goodreads.

 3 estrelas - 7,5

Autor(a): Susane Colasanti
Editora: Novo Conceito
Ano: 2009 (original) - 2012 (Brasil)
Páginas: 320 (original) - 336 (Brasil)
Nome original: Waiting For You
Coleção: -

Imagina um livro que possui grandes expectativas. Agora dobra o resultado e eleva ao quadrado. Você achou a minha expectativa com Perdida. Afinal, eu só ouvia elogios e a proposta tinha o que eu mais amava, viagens no tempo (o tema “viagens” num geral é um ponto fraco meu).

Além disso, era escrito por uma autora brasileríssima, a querida Carina Rissi (que autografou o meu exemplar!!! Cara, como sou feliz por isso!) e se passava em solo brasileiro também.

A história é sobre Sofia, uma menina do século XXI, adepta às modernidades e que não sobrevive sem as tecnologias. Uma noite, quando sai com a melhor amiga, Nina, e o noivo dela, Rafa, para comemorar o recém-noivado dos dois, Sofia exagera um pouco na bebida e, ao ir ao banheiro, acaba derrubando o amado celular na privada (momento eca!). Com isso, ela acaba tendo que comprar outro. No dia seguinte, após entrar numa loja curiosa e bem diferente, com uma vendedora muito estranha, Sofia acaba levando um celular aparentemente normal... Isto é, até ela ligá-lo e ser transportado para o século XIX, sem mais nem menos. Lá, ela acaba conhecendo a família Clarke e, mais intimamente, Ian.

“E, sendo totalmente honesta, eu gostava um pouco dele. Ian era um cara bacana. Mesmo sendo um cara do século dezenove que pensava que eu estava tendo um caso com um homem casado.” (pág. 100)

Imaginem um livro engraçado, com uma protagonista hilária, sem papas na língua e nem um pouco habituada com uma vida sem tecnologia? É isso aí! Sofia é uma protagonista do jeitinho que eu gosto, com personalidade, engraçada, irônica, mas o mais engraçado é mesmo sua “adaptação” à época que acaba tendo que viver, muito diferente do que está acostumada.

Outro personagem que conquista é o Ian Clarke. Pra começar que com esse nome, eu só consigo lembrar do Ian Somerhalder (sério. Impossível lembrar outra pessoa! Haha) e, pra terminar, como não suspirar por esse cara? Faz a gente até sentir saudade daquela época que nem viveu, quando os homens eram bem mais cavalheiros (em compensação, as mulheres não podiam fazer nada...). Eu adorei mesmo a forma como foi desenvolvida o relacionamento deles, porque era uma coisa complicada, tudo estava contra eles, o que fazia com que nada parecesse que ia dar certo, mas eles conseguiam.

“Era tão surreal! Eu tinha a impressão que, a qualquer momento, o Senhor Darcy em pessoa sairia de alguma daquelas portas de madeira acompanhando Lizzy Bennet.” (pág. 108)

Os coadjuvantes, em grande parte os criados da propriedade da família Clarke, também foram muito bem escritos, garantindo os momentos mais descontraídos, mas, mesmo assim, muito legais. Uma das coisas que me deixou com a pulga atrás da orelha foi o fato de não terem escravos na fazenda. Mas acaba que a própria autora se explica, na nota do autor, dizendo que, por ser um período muito terrível da nossa história, ela preferiu omiti-lo, pelo menos no livro. Creio que, por ser um chick-lit, isso é compreensível, mas ao mesmo tempo, não posso deixar de pensar em todo um plano de fundo que poderia ser criado com isso. Por exemplo, talvez nessa fazenda em específico não tivesse escravos, mas e se tivesse outra nas proximidades com isso? Seria legal uma abordagem disso.

Mas o que me incomodou e me impediu de dar 5 estrelas foi que, apesar de Sofia/Ian ser um dos casais mais fofos de todos os tempos, eles também chegavam a ser melosos pra caramba. Às vezes eu ficava meio “Ok, isso é meloso demais pra mim!”, porque eu não sou fã de um romance assim. De qualquer forma, eu curti o casal, porque eles têm uma química muito natural. A conclusão da história não deixou a desejar, apesar de eu ter imaginado algo diferente, mais louco. Mesmo sendo algo meio “maluco”, o contexto no qual aconteceu fez com que tudo fizesse sentido. Como li numa resenha no skoob (da Tânia Gonzales), “a história que a Carina criou é surreal, mas foi muito bom viajar com a Sofia”.

“- Você me diz do que gosta e eu te ajudo. De repente, você encontra alguém que gosta de verdade e acaba sendo muito mais feliz do que imaginava ser possível.
Ele ficou ainda mais triste.
- Mas eu já encontrei, senhorita.
- Já?
- Sim. Mas não pode dar certo. – seu rosto desolado.
- E por que não? – murmurei, ainda assim, minha voz tremeu.
- Porque ela não pode ficar. – e me lançou um sorriso triste.” (pág. 196)

Perdida é um chick-lit divertido, engraçado e que vai te relembrar de como o amor é uma coisa fundamental na nossa vida. Não precisa ser de namorado, mas ser amado e amar é uma coisa muito boa – e necessária.

  
(Quatro estrelas)

Autor(a): Carina Rissi
Editora: Baraúna (minha edição)
Ano: 2011 (original)
Páginas: 472 (original)
Nome original: -
Coleção: -

Esse livro apareceu na minha vida por um acaso. Eu estava na livraria, xeretando a prateleira de livros importados – que sempre tem livros escondidos, bons e com preços mais acessíveis que a versão brasileira quando me deparei com BTL. A capa me deixou meio na dúvida, afinal, não parecia muito o meu estilo. Mas quando eu li a sinopse... Me apaixonei. Conto de fadas? Com vida real? Meu Deus, tinha como ficar melhor?

“Just so you know, when they say ‘once upon a time’... they’re lying.
It’s not once upon a time. It’s not even twice upon a time. It’s hundreds of times, over and over, every time someone opens up the pages of this dusty old book.” (pág. 11)

Delilah é uma menina normal, que adora ler e meio solitária na escola, num geral, por ser bem diferente de seus colegas, que querem coisas muito diferentes dela. Pra ajudar nisso, o livro favorito dela é nada menos que um conto de fadas para as crianças. Cá entre nós, não posso falar nada, vários dos meus filmes all-time favorite são da Disney, mas entre um filme e um livro para crianças, há uma grande diferença, certo? Eu, pelo menos, achei isso meio estranho. Mas o caso é, Delilah gosta tanto da história que acaba se apaixonando pelo protagonista, Oliver, o príncipe.

“If you think it’s social suicide to literally bring the head cheerleader to her knees, you should try Reading a children’s book in plain sight in a high school. If you read Dostoyevsky, you’re weird but smart. If read comic books, you’re weird but hip. If you read a fairy tale, you’re just a dork.” (pág. 29)

É aí que entra a outra visão da história: a vida dentro do livro favorito de Delilah. Sim, existe uma vida após fecharmos um livro e, adivinhem, é completamente diferente do que a história conta. Oliver, pra começar, de corajoso não tem nada. É um belo de um adolescente problemático, como todos nós somos, com dúvidas, medos e uma vontade de se rebelar contra todos imensa. O problema? Oliver está “condenado” a viver a mesma vida – a da história do livro – eternamente, cada vez que alguém abre o livro.

“’Why do you read books, when you could be outside, living a million diferente adventures every day?’
‘Because you can always count on a book to stay the same. Everything else changes when you least expect it,’ she replies, bitter. ‘Families split apart, and nothing’s forever. In books, you always know what’s coming next. There are no surprises.’
‘Why is that a good thing?’” (pág. 55)

Só que, um dia desses, Delilah, ao abrir o livro, nota os desenhos se mexendo e então descobre que os personagens estão vivos. E é então que começa um romance bem doce entre Oliver e Delilah.
Devo admitir, o livro é uma gracinha. Aqueles livros fofos, com príncipes fofos e românticos, protagonistas meio estranhas que nós nos identificamos e tudo o mais. No entanto, apesar de eu ter amado a ideia da Jodi de que há uma vida completamente diferente dentro do livro cada vez que o fechamos, achei que o desenvolvimento não foi dos melhores.

“’What makes a treasure a treasure,’ Marina replied, ‘is how rare a find it is, when you need it the most.’ (...)
Oliver considered her words. And as he passed out, he thought that maybe this was the best advice one could ever be given about love.” (pág. 82)

O livro é dividido em duas narrações: a de Delilah e de Oliver, mais alguns capítulos que são como o próprio conto de fadas que Delilah lê. Com isso, nós vemos os dois mundos se desenvolvendo, os coadjuvantes e tudo o mais. Achei bem legal como as coisas funcionam no livro, o que os personagens são de fato e tal. O mundo de Delilah era bem menos agitado e eu, apesar de achá-la legal, também pensei que era meio infantil e que não se esforçava pra ser alguém melhor, mais feliz. Quero dizer, eu entendo que fazer amigos é difícil. Mas Delilah deixaria, sem piscar os olhos, os amigos da vida real pra ficar lendo o tal conto de fadas. O que, pra mim, não é muito saudável, já que o melhor é ter um equilíbrio entre todas as duas coisas.

“’Then why do it?’
‘My mother thinks it will help me fit in.’
‘You should just tell her you’d prefer not to.’
She pauses and looks at me. ‘Why don’t you tell your mother off when she gives you a hard time?’
‘That’s different. I was written that way.’
‘Well, believe me,’ Delilah says. ‘Being a teenager isn’t all that different from being part of someone’s else’s story, then. There’s always someone who thinks they know better than you do.’” (pág. 87)

Além disso, temos Oliver. Sim, ele é uma gracinha de menino. Exatamente o que você espera que um príncipe seja. Nesse ponto, eu notei que o livro provavelmente foi destinado a leitores mais jovens que eu, com uns 12, 13 anos, porque a própria construção do Oliver é mais... infanto-juvenil? Ele é perfeito em tudo, tirando no quesito coragem, vive falando coisas românticas e etc. Na verdade, todo esse romantismo encheu meu saco em alguns pontos, porque, já deixei bem claro em várias resenhas, coisa melosa não é comigo.

“No one ever asks a kid for her opinion, but it seems to me that growing up means you stop hoping for the best, and start expecting the worst. So how do you tell an adult that maybe everything wrong in the world stems from the fact that she’s stopped believing the impossible can happen?” (pág. 148)

Após os dois se apaixonarem, acabam bolando diversos planos pra conseguirem tirar o Oliver de dentro do livro. Eles tentam de diversas formas, mas o que mais me deixou embasbacada foi a forma como finalmente resolveram. Eu não gostei, nem um pouco! Não quero soltar spoilers, mas foi forçar a amizade aquilo. Além disso, achei toda essa questão de abandonar todos os amados por uma garota não muito bem explicada. Claro, Oliver sempre quis sair do livro, mas mesmo assim, fiquei pensando como ele conseguiu abrir mão de tudo aquilo tão rápido.

“She smiles faintly. ‘Are you a writer, Delilah?’ she asks.
‘I’m more of a reader.’
‘Ah,’ Jessamyn replies. ‘Then I can see why you wouldn’t understand.’
‘Understand what?’
‘That the story isn’t mine to change anymore. Maybe it belonged to me at first, but now it belongs to you. And to everyone else who’s ever read it. The act of reading is a partnership. The author builds a house, but the reader makes it a home.’” (pág. 287)

No entanto, como eu já disse acima, o livro também tem coisas muito boas, é só você ler sem esperar uma história muito detalhada, porque eu fui pensando que seria um livro leve, o que foi mesmo, e acabei me divertindo bastante com o resultado (na média).
Se você é apaixonado por conto de fadas, como eu, esse livro é uma ótima pedida para passar uma tarde gostosa. Além disso, tenho que comentar, no livro tem uns desenhos que são lindos! Bem que a capa poderia ter sido um deles...

 3 estrelas - 7,5

Autor(a): Jodi Picoult e Samantha Van Leer
Editora: Simon Pulse
Ano: 2012 (original)
Páginas: 352 (original)
Nome original: -
Coleção: -