Livros
com adolescentes e temáticas mais pesadas foram uma das coisas que se tornaram
mais comuns e mais influentes nos últimos anos, tornando a abordagem um ponto
cada vez mais importante numa história já contada de diversas maneiras. Por
isso, quando comecei minha leitura de Zac
& Mia, apesar da curiosidade, eu também queria algo um pouco diferente
de outros livros da chamada “sick lit” que já tinha lido.
Zac
é um menino no final do colegial, que descobriu há um tempo ter um tumor na
medula óssea e, após muitos tratamentos, muitas idas no hospital e muitos
exames, ele finalmente conseguiu uma nova, e agora tem que esperar até a
“quarentena” acabar e ele ser quase
um menino normal de novo. Enquanto isso, quem chega na área do hospital dele é
Mia, uma menina confiante, popular e com problemas familiares por trás da
fachada de garota perfeita. Os dois se conhecem e conversam um pouco durante os
dias tediosos no hospital, seja através de tocs
e taps ou por mensagens no facebook.
Desde o início, é claro que são duas personalidades completamente diferentes,
postas em situações semelhantes, mas lidando de maneiras diversas.
Espanta-me como a confusão do universo sabe exatamente o que está fazendo, como tudo foi acertado 13 bilhões de anos atrás e as galáxias estão seguindo as regras desde então. Elas estão todas lá em cima, seguindo o ritmo e fazendo todo o sentido, enquanto nós humanos estragamos tudo no pequeno tempo que tivemos. (Pág. 129)
Zac
é alguém que, com o tempo do tratamento, já “aceitou” o câncer e vê, nesse
transplante, uma chance de finalmente sair dessa fase ruim e continuar a vida
normal que esteve pausada desde então. Mia acabou de ser diagnosticada com
osteossarcoma no tornozelo e ainda não tem a consciência da mudança disso em
sua vida. É interessante ver como essas duas opiniões fortes se modificam
durante a história, principalmente Mia, que tem um desenvolvimento incrível.
Durante
o livro, nós vamos conhecendo um pouco melhor cada um dos personagens e suas
famílias e suas vidas, mas infelizmente eu não senti nenhuma empatia em especial. Claro que a
situação me deixava pensando em como uma coisa só pode afetar tantas pessoas,
mas ao mesmo tempo, eu sentia que os comportamentos dos dois protagonistas, de
alguma forma, era algo meio encenado, de modo que eu já tinha uma ideia do que
ia acontecer ou não, sem a autora fugir do lugar-comum da temática.
Eu achava que, depois de sair do hospital, ele fosse parar de ficar obcecado por estatísticas. Não pensei que os números o tivessem seguido até aqui. Talvez os números o atormentem da mesma forma que minha perna me atormenta. Talvez nós dois estejamos vivendo como frações. (pág. 172)
Confesso
que em alguns momentos eu gostei muito do Zac e da sua maneira de pensar,
porque ele é realmente uma pessoa que você tem que admirar, não pelo câncer que ele enfrenta, mas por si mesmo apesar da situação. Por outro
lado, eu quase sempre ficava nervosa com a Mia, mesmo que parte de mim
entendesse seu estado de negação e egoísmo. Era difícil ver toda a situação e querer
que ela também pusesse as coisas em perspectiva, quando a menina parecia fixada
em sua própria órbita. Porém, nada é estático e até mesmo Mia cai em si e muda
suas maneiras.
A.
J. Betts, apesar dos pontos negativos, tem uma escrita bem fácil de ser lida e
absorvida, e em alguns momentos ela conseguiu conquistar algumas emoções
minhas. Além disso, o design da editora deixou o livro bem bonitinho, com as
narrações divididas entre Zac e Mia estilizadas. Mesmo assim, esse livro ainda
não conseguiu passar a linha do “é bom” para se tornar marcante de fato.
3 tocs, tocs, tocs
Editora: Novo Conceito
Ano: 2015
Páginas: 288
Nome original: Zac and Mia
Coleção: -
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