[Resenha] Até Eu Te Encontrar, de Graciela Mayrink


Flávia é uma jovem universitária como qualquer outra que, em seu primeiro ano de faculdade, longe de casa, espera fazer amizades, passar de ano e, de preferência, não sofrer muitos trotes. Assim que chega lá, faz amizade com Gustavo, um calouro como ela, e Felipe, um menino encantador, feliz, engraçado e que logo a conquista. Além disso, ela também acaba conhecendo sua vizinha, uma senhora simpática chamada Sônia, e fica próxima de Lauren, filha de uma conhecida de seus falecidos pais.

Tudo ia bem, até Luigi, um dos amigos mais próximos de Felipe, voltar de uma viagem à Europa, que fez com a mãe após a morte de seu irmão, Ricardo. Luigi e Flávia trocam farpas de primeira, e não ajuda nada o fato de que ele namora a bitch da cidade, Carla. Porém, o mais confuso está por vir: Flávia descobre que é uma bruxa e Carla também e, pra piorar, ela anda fazendo uns feitiços contra Flávia, para que ela não encontre sua alma gêmea.

“- Pode comer pão de queijo vendo TV?
- Criança. – Flávia não conseguia parar de rir de Felipe. Ao mesmo tempo que parecia um homem, fazia coisas que lhe lembrava um menino.
- Eu juro que não deixo cair nem um farelo no chão.
- Ok. O que você quer beber?
- O que você tem?
- Suco, refrigerante, leite.
- Cerveja?
- Cerveja não combina com pão de queijo.
- Cerveja combina com tudo.
Flávia virou os olhos.
- Hum, tem suco de uva? – perguntou ele.
- Não.
- Não? Você disse que tinha suco.
- Mas não de uva. Eu não gosto de suco de uva.
- Mas por quê?
- Sei lá... Não gosto, não tem um porquê.
- Que ser humano não gosta de suco de uva?
- Eu, Felipe, eu.” (pág. 18)

Sim, não tem como negar, eu estava muito curiosa com esse livro. Apesar de achar muito estranha a capa (ai, não gosto mesmo! Mil vezes a original!), a história tinha bruxas e, em geral, livros com bruxas se tornam meus queridinhos. A narrativa é em terceira pessoa, o que nesse caso foi bom, pois nos ajudou a adentrar a mente não só da protagonista, mas dos outros também. Isso foi interessante porque esse tipo de história é daquelas que a protagonista geralmente sabe tanto quanto o leitor e, como era em terceira pessoa, nós podíamos ver outras situações sem a Flávia e, assim, não ficar tão perdido na história.

Eu gostei bastante dos personagens, mas, em alguns casos, achei que a “evolução” que eles sofreram os tornou personagens não tão legais e com uns desfechos não tão bons quanto eu imaginava! Mesmo assim, a Flávia é uma protagonista legal, meio boba e inocente, mas é algo compreensível, porque, nos momentos certos, ela é curiosa e procura saber o que aconteceu. Felipe é um dos melhores personagens no começo, engraçado e interessante, pena que não foi feita para Flávia e, por mais gente boa que seja, definitivamente não era um “keeper”.

“- Vocês piraram? Vocês realmente acham que esse garoto irritante, insuportável e metido é a pessoa por quem eu vou me apaixonar, casar, ter filhos e viver o resto da minha vida?
- Acho, Flá.” (pág. 243)

E o Luigi... Bem, ele e Flávia, juntos, rendiam boas cenas. No começo, quando se odiavam, e depois, quando começaram a serem amigos e depois, quando viraram namorados. É bonitinho ver a relação deles mudando e crescendo.

Além disso, gostei que a Graziela pensou em outras histórias e deu um bom fechamento a elas, como a de Lauren, a melhor amiga de Flávia, que no final se revelou uma personagem bem interessante e importante para Flávia, lhe abrindo os olhos, porque vamos combinar, as protagonistas sempre são as mais lerdinhas nesses casos e precisam, muitas vezes, de uma melhor amiga, rs.

“- A Carla teve um braço quebrado, alguns cortes e hematomas pelo corpo todo. O Felipe também se machucou muito. Eu tive apenas alguns poucos cortes superficiais e o corpo dolorido. Fui o que menos se machucou. Ninguém diria que eu havia sofrido um acidente de carro, no máximo caído da escada ou rolado uma ladeira. As pessoas me viam e falavam que eu tinha sorte. Sorte? Meu irmão morreu e todos falavam isso. Irônico, não é?” (pág. 313)

Enfim, eu fiquei feliz com a história e com a escrita da Graziela. Mesmo sendo seu “début”, ela fez um bom livro e espero logo muitas novidades dela e futuros livros.


Autor(a): Graciela Mayrink
Editora: Novo Conceito
Ano: 2013 (original)
Páginas: 384 (original)
Nome original: -
Coleção: -

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