[Resenha] O céu está em todo lugar, de Jandy Nelson


Sabe aqueles livros que te tocam, de um jeito tão marcante, mas tão marcante, que só de lembrar desse certo livro, você já sente um aperto no coração e uma vontade de lê-lo de novo? Pois é, esse livro me fez sentir isso. E apesar de eu ter lido vários livros ótimos esse ano, sem dúvidas esse estará no Top 10 (mesmo ainda estando em Setembro).


“Como isso podia estar acontecendo? Como podia pensar em fricassé e moléculas de carbono quando, do outro lado da cidade, minha irmã estava dando o último suspiro? Que tipo de mundo é esse? O que fazer diante disso? O que fazer quando a pior coisa que pode ocorrer realmente acontece? Quando se recebe o telefonema? Quando se sente tanto falta da voz da irmã que o desejo é rasgar a casa ao meio, com as próprias unhas?” (pág. 88)

Lennie é uma garota normal, que adora ouvir e tocar música, e tem uma irmã maravilhosa e vibrante, Bailey. Essa mesma namora Toby, e um dia, sem mais nem menos, parte sem dizer adeus a ninguém (parte no sentido de morrer, ok), nem mesmo sua amada irmã. Esse grande baque emocional deixa Lennie transtornada, sem palavras, e ela, junto com seu tio Big e sua avó, se fecham em casa, não deixando ninguém, além de Toby, entrar naquele isolamento. Até a chegada de Joe, um menino recém-chegado de Paris e que faz Lennie sentir-se viva novamente. Mas será que ela tem esse direito? Será que não estaria desrespeitando a memória da irmã se curando tão rápido?


“Anos atrás, estava deitada no jardim da vovó e Big perguntou o que eu estava fazendo. Disse-lhe que olhava para o céu. Ele respondeu – Essa é uma concepção errada, Lennie, o céu está em todo lugar, começa aqui, aos nossos pés.” (pág. 183)

Eu realmente senti muitas coisas nesse livro. É sério. Eu amei, de verdade, cada momento, cada página, cada linha, cada sentimento. Porque eu me senti como Lennie. Eu entendi o que ela pensava, o por quê de seus atos, mesmo que algo assim jamais tenha acontecido comigo (mas a minha irmã recentemente se mudou, então eu a vejo bem menos que antes, então meio que rolou uma conexão. É). É um livro forte, um tsunami de sentimentos, atitudes e questionamentos. Há tantos momentos tristes, de chorar, e tantos lindos, que você suspira, que posso falar que é uma montanha-russa. Mas não no sentido que tem pontos altos e baixos. Ele tem sentimentos muito distantes, um é o extremo da felicidade, outro, o extremo da tristeza. 


“Quem quer ter o conhecimento de que estamos a apenas um suspiro despreocupado da morte? Quem quer saber que a pessoa que você mais ama e de quem precisa pode simplesmente desaparecer para sempre?” (pág. 203)

Cada personagem é diferente, tem um jeito e uma personalidade diferente. Eles não são daqueles que cabem em quadradinhos, “garota certinha”, “bad boy”, entende? Eles são humanos, erram. Acertam de vez em quando. Se arrependem. Não são perfeitos. E isso é uma das coisas que eu mais gosto quando vejo nos livros. Não sei se sou só eu, mas é muito mais difícil de se ter uma conexão com um personagem quando ele é extremamente perfeito, malvado, entende? 

E o trabalho gráfico da Novo Conceito, o que foi isso?! Maravilhoso, incrível, superou qualquer outro nesse quesito. Pra você que ainda não mexeu no livro, a Lennie vai escrevendo pedaços de conversas, pensamentos, ideias em qualquer lugar    cascas de árvore, copos de café, pedaços de livros    e deixa-os por aí. E cada um desses é retratado no livro, de um jeito perfeito. Não sei como é o original, porque nunca tive a oportunidade de ler, mas a nossa edição certamente está a altura. A capa também é diferente, de um jeito meio “quero ser hardcover” e tem tudo a ver com o livro.


“Como vou sobreviver a estar saudade? Como os outros fazem? As pessoas morrem o tempo todo. Todo dia. Toda hora. Há famílias no mundo olhando para camas em que ninguém mais dorme, para sapatos que não serão mais usados. (...) Não acredito que o tempo cura. Não quero. Se curar, não significa que aceitei o mundo sem ela.” (pág. 259)

Em suma: o livro é muito, muito bom. Recomendado? Mais que isso: é uma lição de vida. Você pode e provavelmente vai tirar algumas lições da leitura dele.
Aliás, teve uma música que me lembrou muito o livro, que é All About Us, do He is We com o Owl City. Veja o clipe, e me responda: tem a ver? :D

Obs.: só eu que ultimamente as autoras estão falando mais sobre perdas    sobretudo de parentes próximos (como os irmãos)    nos livros? Esse não é o primeiro que vi, mas é o primeiro que li e amei. Minhas expectativas estão alta em relação a esse tipo de livro!

Nota geral: 10,0 (ou 5 estrelas *_*)


Autor(a): Jandy Nelson
Editora: Novo Conceito
Ano: 2011 (Brasil) / 2010 (Estados Unidos)
Páginas: 424 (Brasil) / 304 (original)
Nome original: The sky is everywhere
Coleção: -

5 comentários:

  1. Isa querida, não poste essas coisas.. eu estou quase chorando só de ler sua resenha rsrs (siim, sou uma manteiga derretida)

    Alias, que resenha mais fantástica, adorei!
    Nada me impressiona mais do que esse tipo de livro, onde podemos comparar alguma coisa dele a nossa própria vida, e geralmente traz um significado por trás de tudo, gostei mesmo!

    Beiijos
    http://aoinfinitoealem.com/

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  2. Lindo, adoro livros assim, me da uma sensação de saudade, realizar desejos e esonhos qdo leio um livro dessa categoria! A resenha está linda, ja queria esse livro antes, agora quero muito mais! XD

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  3. Ah não vejo a hora de começar a ler esse livro, mas essa minha fila ENROME só aumenta e nem tenho previsão, tá eu tenho mas só lá pra o final do ano, o que faço hen? Vou ter que furar e isso é fato! hehehe õ/

    Adorei a resenha Isa!

    Beijão
    Will
    vício de cultura

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  4. Eu quero muuuito ler esse livro! E o pior, minha vontade só aumenta cada vez que eu leio uma resenha ;)
    Essa edição brasileira está linda! Já vi na livraria e me apaixonei *-* Adorei isso de a letra ser azul :DD

    Bjs :*

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  5. Eu nem li este livro mas já sei que é MARAVILHOSO,por todas as resenhas que já li sobre ele.

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