Um livro super hypado lá fora, Escândalo
chegou aqui no Brasil esse ano prometendo muito, afinal, não é todo mundo que
recebe o título de “Romeu e Julieta dos dias atuais”, né? Eu de fato não conhecia
antes, mas, quando li a sinopse, pensei: por quê não? Adoro ver essas histórias que abordam sobre as grandes
mudanças que as tecnologias causam na nossa vida diariamente e pensei que,
ao contrário do normal, Escândalo
abordaria o lado não-tão-bom da coisa toda.
Na história, logo somos apresentados a
Romeu e Julieta: Anthony Winter, um
jovem que é um ótimo filho, ótimo namorado, ótimo ator, ótimo tudo, menos em
tomar cuidado na hora de divulgar fotos suas que poderiam ser comprometedoras e
Amelia Wilkes, rica, poderosa e
ótima atriz e cantora, mas também não muito boa em esconder tais fotos que
poderiam ser comprometedoras dos pais, principalmente do pai, que não quer que
ela namore e ficaria louco se descobrisse tais fotos.
“Um incêndio começa pequeno – um cigarro caído, folhas ou lixo que
alguém queimou, a queda de um raio sobre uma árvore vulnerável – e depois se
espalha em todas as direções possíveis, tornando-se tão quente que nada menos
que uma torrente, produzida pelo homem ou não, é capaz de extingui-lo. Para
propagar-se, ele precisa de apenas condições favoráveis e combustível
disponível para alimentá-lo, crescendo sem consciência, desconsiderando a vida
silvestre, construções, orações.” (pág. 159)
Na teoria, nenhum desses jovens parece
excepcional ou com um grande diferencial, não é? Tirando a parte teatral, que é
onde se destacam, poderiam ser quaisquer
adolescentes normais. Afinal, quantos de nós não vivem trocando fotos com
os namorados, amigos, ficantes? É uma realidade comum já na vida. Mas, e quando
as coisas são levadas sérias demais, por assim? Ou, melhor dizendo, são vistas com uma única – e errada –
visão?
Então, meus caros, é quando o verdadeiro ~escândalo~ começa. A vida de Amelia e
Anthony era perfeitamente comum e eles já a tinham planejado juntos, para que
fossem para a mesma faculdade, a NYU, e estudassem teatro. Só que os mundos dos
dois se despedaçam quando o pai de Amelia, ao descobrir fotos comprometedoras de
Anthony no computador dela, resolve envolver a polícia.
“Meu pai continua insistindo em que eu fui uma vítima.
Eu lhe disse que, se for, ele é o único que causou isso, por reagir com
exagero. Talvez os pais não pretendam estragar a vida de seus filhos, mas por
que não são capazes de ver que são tao propensos a um mau julgamento quanto
nós? Como é que podem querer que confiemos e acreditemos neles?” (pág. 218)
Eu nunca tinha nenhum livro sobre sexting – traduzido livremente como
“sexo por mensagem”, na verdade são geralmente fotos e mensagens íntimas,
geralmente trocadas entre namorados -
mas obviamente eu sabia o que era, já que vira e mexe temos um caso
desses divulgado aos montes na mídia.
Mas
ver as coisas pelos olhos das vítimas é completamente diferente. É triste, é
aterrorizante, é terrível. E podemos ver tudo isso acometer os
personagens do livro, não só Amelia e Anthony, mas também seus pais e amigos,
afinal, polêmica espalha mais rápido que fogo em mata seca. E é incrível como
as pessoas julgam, desnecessariamente e de forma errada, tantas vezes, não?
“Espontaneamente, ocorreu-lhe o refrão: ‘Paus e pedras podem me quebrar, mas palavras nunca
irão me machucar’. Palavras, ah, sim,
elas podiam machucar, e muito. Podiam enganar. Podiam deprimir. Podiam arrancar
seu coração do peito e fazer você desejar nunca ter nascido – ou ter nascido
outra pessoa.” (pág. 248)
Ver a vida de dois jovens que teriam um
futuro brilhante ser posta em risco é tão horrível, tão impossível, ainda mais
considerando que assim, eles nem cometeram um crime de verdade. Nesse ponto, gostei muito da abordagem.
No entanto, algumas coisinhas me fizeram
revirar os olhos várias vezes na leitura: o tal amor estilo Romeu e Julieta,
tão divulgado, é, de fato, assim. Um saco.
Ultrarromântico em alguns momentos, chega a ser meloso além da conta que
suporto, principalente no lado de Anthony. Mesmo que eu tenha gostado da
narração, ela me irritou muitas vezes! Ela
tinha um tom moralista, não sei o quê, que simplesmente não combinava com o
próprio assunto do livro.
“- Por que você tem de ser tão negativo?
- Sinto muito. – Ele passou o braço em volta dela e inclinou a
cabeça para apoiá-la contra a dela. – Estou tentando ser realista, só isso.
- Eu não quero realismo. A realidade é uma merda.” (pág. 343)
Os personagens também não foram a melhor
coisa do livro, já que o casal protagonista não cheirou nem fedeu pra mim,
afinal, os dois são tão apaixonados e melosos e dependentes um com o outro que
ficou difícil para mim gostar de fato
de algum.
Aliás... Que final foi aquele, meu Deus?
As últimas páginas tiveram toda a ação que por vezes a autora preferiu negar ao
resto livro, causando por vezes um tédio e uma repetição desnecessária. Ainda estou em dúvida com o fim, mas
posso dizer que, no final as contas, foi uma decisão bem inteligente da autora.
Num geral, Escândalo é um livro que entra na minha categoria ok. Gostei da temática, um pouco da
história, mas por falta de personagens mais memoráveis, peca no quesito de
simpatia.
Editora: Novo Conceito
Ano: 2011 (original) - 2013 (Brasil)
Páginas: 384 (original) - 384 (Brasil)
Nome original: Exposure
Coleção: -
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