Não sei se vocês sabem, mas eu amo a Stephanie Perkins
graças ao seu primeiro livro, Anna e
o beijo francês, que é a coisa mais meiga e fofa do mundo - e, vira e mexe,
estou recomendando para as pessoas lerem, porque vale totalmente a pena. E, quando você conquista o público desse jeito
logo no seu livro de estreia, pode ser complicado mantê-lo apaixonado pela sua
escrita nos próximos. Isso era o meu maior receio em relação a Lola e o Garoto da Casa ao Lado, uma companion novel de Anna. Eu tinha altas expectativas e odiaria me decepcionar...
A história conta a vida de Lola Nolan, filha adotiva de Nathan
e Andy e uma menina que sabe tudo sobre moda e faz o seu
próprio estilo, com roupas diferentes, combinações inusitadas e perucas
coloridas. Eu achei super legal a
protagonista ser tão despojada, do tipo que não liga para a opinião dos outros
e simplesmente faz e usa o que quer. Lola
tem opinião e sabe o quer da vida. Seu
namorado, Max, é mais velho e tem uma banda, o que faz com que seja
completamente reprovado no teste de namorado por seus pais. Mesmo assim, Lola o ama e não se importa com isso,
porque sua vida, até então, é quase perfeita.
“Precisava que ele me
tocasse. Estava obcecada com o modo como as mãos dele nunca paravam de se
mexer. O modo como ele esfregava uma na outra quando estava agitado, o modo
como às vezes ele não conseguia evitar, senão bater palmas. O modo como ele
tinha mensagens secretas escritas no dorso da mão esquerda. E os dedos. Longos,
entusiásticos, frenéticos, mas eu sabia, por vê-lo construindo suas máquinas,
que eles também era delicados, cuidadosos, precisos. Eu fantasiava sobre aqueles
dedos.
E estava consumida
pelo modo como seus olhos brilhavam toda vez que ele falava, como se fosse o
melhor dia de sua vida. E o modo como seu corpo inteiro se inclinava em direção
ao meu quando era minha vez de falar, um gesto que mostrava que ele estava interessado,
que estava escutando. Ninguém nunca tinha movido o corpo para me encarar
daquele jeito.” (pág. 58)
Porém, tudo muda
quando o passado volta a – literalmente
– bater na sua porta. Os gêmeos Bell,
Calliope, uma ginasta incrível e Cricket, seu amigo de infância, que Lola não via há séculos (e dava graças
a Deus por isso), voltam a morar na casa
ao lado da sua. Com isso, tudo relacionado a eles que ela sempre tentou
esquecer volta à tona. E, de repente, será mesmo que isso tudo não tem um
motivo? Será que ela não deveria dar uma chance para essas pessoas, que ela não
vê há tempos e podem muito bem ter mudado?
Tudo isso se passa em San
Francisco, o que deixa a história ainda mais fofa. A Stephanie tem essa coisa de conseguir me deixar com vontade de
viajar, morar em qualquer lugar que ela conta história. Primeiro, com Paris, e
agora, com San Francisco! Sério, impossível imaginar aquelas casinhas umas
grudadas nas outras sem lembrar-se de Lola. Além disso, achei o plot bacana, com personagens
interessantes. A Lola era uma boa
protagonista, apesar de não sermos parecidas, eu gostei dela. Só me
irritava um pouco por causa do Max, que eu simplesmente não conseguia ir com a
cara. Sei lá, mas tenho essa tendência de odiar os namorados das protagonistas
quando eles são mais velhos, metidos a roqueiros e essas coisas. Não deve ser
meu tipo, hahaha.
“- Foi absolutamente
fácil, mas também muito mais complicado do que deveria ter sido.
Ele sorri de volta.
- Essa é a minha
especialidade.” (pág. 158)
Mas, de qualquer forma, eu adorei o Cricket! O menino é uma graça, com toda a vibe
de cientista criando invenções, anotando coisas nas costas das mãos (eu
também tenho essa mania, haha). Sua irmã, Calliope,
é um saco, pra falar a verdade. Os dois, por serem gêmeos e estarem sempre
grudados – afinal, graças à carreira de Calliope,
sua família quase sempre estava se mudando de um lugar para o outro,
impossibilitando os irmãos de criarem laços mais fortes com as pessoas dos
lugares. Além disso, Cricket é uma daquelas
pessoas além da conta de boas, ou seja, faz
tudo para a irmã, sempre deixando sua própria vida em segundo plano. Claro
que quando ele entra na faculdade as coisas mudam – e é quando eles mudam de volta para San Francisco –, pois daí cada um vai
para um canto.
SPOILERS! “- Como você sabia
que ela não era a pessoa certa para ele?
Agora, ele está
olhando fixamente para as mãos, esfregando-as lentamente uma na outra.
- Eles não tinham
aquela... Magia natural. Sabe? Não parecia fácil.
Minha voz se amiúda.
- Acha que as coisas
têm que ser fáceis? Para funcionar?
A cabeça de Cricket
se ergue subitamente, os olhos saltados como para captar o que eu quis dizer.
- Não. Digo, sim,
mas... Às vezes, há... Circunstâncias atenuantes. Que impedem as coisas de
serem fáceis. Por um tempo. Mas daí as pessoas superam essas...
Circunstâncias... E...
- Então, você
acredita em segunda chance? – Mordo o lábio.
- Segunda, terceira,
quarta. O que for preciso. Por mais tempo que leve. Se for a pessoa certa – ele
acrescenta.
- Se essa pessoa for...
A Lola?
Dessa vez, ele retém
meu olhar.
- Só se a outra
pessoa for o Cricket.” (pág. 231)
Todos os personagens são legais, mas tenho que destacar
alguns: Lindsey, a melhor amiga super
divertida de Lola, é bem legal. Os
pais dela, já citados, são super engraçados. Sabe aqueles pais super
protetores? Exatamente. Mesmo assim, eles se preocupam com a filha e fazem tudo
por ela. E isso é lindo, viu! Mas, claro, quem roubou os holofotes no quesito
coadjuvantes foram... Adivinhem... Anna
e St. Clair!!! (eles merecem todos esses pontos de exclamação) Caramba, como eu estava com saudade desses dois!
Eles são incríveis e, sem dúvida alguma, os momentos deles com a Lola foram
sempre legais. A Anna e o St. Clair trabalham no mesmo cinema que
Lola e agora estão estudando numa faculdade por lá, de Cinema (se não me
engano), curiosamente a mesma faculdade de Cricket.
Eu amei isso e quero dar um prêmio pra Stephanie por ter feito isso, ela sabe usar bem as cartas que tem na
manga.
A forma como Lola
foi, aos poucos, se dando conta de que talvez ela não soubesse tudo que queria da vida foi interessante
e vê-la se reaproximando de Cricket,
alguém que já foi tão importante em sua vida (e mesmo que ela não admitisse,
ainda era um pouco), foi muito lindo de se ver, porque os dois se dão muito bem e eu amei ver a interação. A Lola também vai, em pedaços, contando por que nunca mais queria ver os
irmãos Bell e, além disso, mostrando como sua vida era quando eles moravam
lá em San Francisco, o que eu achei
bem legal, porque nos ajudava a entender
melhor a própria protagonista, mesmo que eu ache que o motivo de ela ter
tanto medo desse reencontro não muito forte, é algo que você só entende mesmo
se passa pela situação.
SPOILERS! “Ele toma minha mão
e a aperta. Com a outra, puxo para cima a pare inferior do vestido. Os coturnos
de plataforma assumem a dianteira. E eu mantenho a cabeça erguida para minha
grande entrada, de mãos dadas com o garoto que me deu a Lua e as estrelas.” (pág. 285)
Outra coisa que também é
abordada é o fato de que Lola é adotada. Seu pai nós não sabemos ao certo quem é, mas sua mãe é
uma alcóolatra que vira e mexe aparece na soleira da sua porta, porque um dos
pais adotivos de Lola é nada menos
que o irmão dela. Eu não gostei nem um pouco da Norah no início, mas aos poucos, ela vai se recuperando, o que nos
deixa ver que talvez, num futuro próximo, ela possa ser uma mãe decente pra Lola.
No entanto, mesmo eu tendo achado a história fofa, achei que faltei um tiquinho pra virar um all-time
favorite. É boa, despretensiosa e perfeita pra ler e ficar feliz, mas
não chegou ao nível de Anna, talvez
por causa de algumas atitudes da Lola que, para mim, foram meio idiotas. Não me instigou a continuar lendo tanto quanto eu esperava, apesar da
narrativa ser boa, faltou aquela faísca.
Mesmo assim, é um livro que
vale muito a pena ler,
principalmente se você gosta da autora, se sente falta dos personagens de Anna e se adora uma história que vai te
deixar com um sorriso no rosto.
Ah agora sim entendi essa ligação entre este livro e Anna... Estou mais curiosa para lê-lo.
ResponderExcluirParece aquele tipo de chick-list que é sempre bom ter na estante para ler nos momentos que queremos algo mais leve e divertido. Gostei da resenha, acho que vale a pena ler este livro.
ResponderExcluirAbraços
http://reaprendendoaartedaleitura.blogspot.com.br/