Eu já falei umas mil
vezes aqui no blog, mas minha atual meta de leitura é ler os oito livros obrigatórios da FUVEST 2016 (desses oito, só falta um! Yey!). Então, cá estou
pra resenhar mais um deles: O cortiço, um clássico brasileiro, representando o
Realismo/Naturalismo. Dois anos atrás, eu tinha lido a versão HQ desse livro,
mas, pra ter a experiência completa mesmo, resolvi ler o livro em si, e olha, eu
gostei da experiência.
O
cortiço conta, adivinhem!, sobre o cortiço de João Romão, um
ambicioso vendedor cujo principal objetivo na vida é ganhar dinheiro, custe o
que custar para os outros. No dito cortiço temos diversos personagens – muitos
mesmo, tanto que eu no começo da história tinha que recorrer às primeiras
páginas para relembrar os nomes de cada um. Além disso, quase cada um deles tem
sua própria história, lembrando um pouco as novelas de hoje em dia, onde há
vários personagens, todos conectados, mas cada com sua história e passado
particular.
Eu poderia tentar contar
um pouco de cada um dos personagens que mais tem destaque mas, mesmo assim,
essa resenha se tornaria longa e sem muita opinião, o que obviamente não é o
objetivo. A narrativa é bem fácil, não possui uma escrita muito rebuscada, o
que eu gostei porque me ajudou a lê-lo mais rápido. Uma das características
marcantes nesse romance são os desejos e prazeres de cada um dos personagens,
que muitas vezes reinam acima da moral e princípio deles. Eu achei isso
interessante porque mostra um lado um tanto “animalesco” do ser humano, que se
esconde tanto.
Claro que com isso
surgiram muitas cenas mais sexuais, descritas com tantos floreios que às vezes
era complicado entender o que estava ocorrendo de fato. Aliás, uma coisa que o
autor usa e abusa são as metáforas, utilizando-as para comparar cada um dos
personagens com animais selvagens, plantas, objetos, o que tornava as
descrições cansativas em certos momentos.
O interessante do livro
é que ele não pretende ter um final estilo “felizes para sempre”, como eram os
da época romântica, pelo contrário, ele retrata bem a condição das diversas
camadas sociais da época no Rio de Janeiro, sejam elas as mais abastadas ou
mais pobres, no final das contas são todas escravas de um desejo interno. Uma
coisa legal é perceber que, assim como na história o cortiço, representa o
pobre, e o sobrado do Miranda, o rico, ainda temos exemplos desse contraste
gritante por aí, justamente no mesmo Rio de Janeiro.
É uma história super
original? Não sei, pra mim tem muitas coisas bem diferentes, inusitadas até,
sendo que a melhor delas é essa crítica a ambição do homem em sempre crescer,
crescer, crescer, às custas de quem for, usando para isso da ironia para tal.
Eu curti o livro, enfim, mesmo que eu tenha sentido falta de uma maior solução
para alguns personagens que eu bem queria que tivessem mais destaque, é um
livro que vale a pena ler se quiser experimentar alguma coisa mais diferente e
que mostra uma época do Brasil muito diferente da nossa, mas com certas coisas
exatamente iguais.
Editora: Ática
Ano: 1977 (5ª edição)
Páginas: 160
Nome original: -
Coleção: -
Confesso que depois da resenha até fiquei com uma enorme vontade de ler, parabéns viu?
ResponderExcluirHahahah obrigada! Leia sim, é sempre legal ter uma perspectiva da sociedade brasileira em outra época e ver como isso influenciou a gente nos dias de hoje. bjss
ExcluirNossa, li O Cortiço ainda na escola, há mais de dez anos, então não me lembro de muitos detalhes, tanto que um dia ainda quero reler o livro. Mas o que mais me atraiu na época - e mesmo hoje, pensando sobre - é a parte da crítica, como você mesmo menciona, e também esse lance do realismo mesmo, de mostrar a podridão da sociedade e do ser humano, sem idealizações de nenhum tipo; gosto disso.
ResponderExcluirBeijão, Livro Lab
Acho esse realismo descarado o mais legal do livro, mas confesso que quando ouvi falar pela primeira vez, fiquei meio em choque hahaha beijos
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