[Resenha] Between The Lines, de Jodi Picoult e Samantha van Leer


Esse livro apareceu na minha vida por um acaso. Eu estava na livraria, xeretando a prateleira de livros importados – que sempre tem livros escondidos, bons e com preços mais acessíveis que a versão brasileira quando me deparei com BTL. A capa me deixou meio na dúvida, afinal, não parecia muito o meu estilo. Mas quando eu li a sinopse... Me apaixonei. Conto de fadas? Com vida real? Meu Deus, tinha como ficar melhor?

“Just so you know, when they say ‘once upon a time’... they’re lying.
It’s not once upon a time. It’s not even twice upon a time. It’s hundreds of times, over and over, every time someone opens up the pages of this dusty old book.” (pág. 11)

Delilah é uma menina normal, que adora ler e meio solitária na escola, num geral, por ser bem diferente de seus colegas, que querem coisas muito diferentes dela. Pra ajudar nisso, o livro favorito dela é nada menos que um conto de fadas para as crianças. Cá entre nós, não posso falar nada, vários dos meus filmes all-time favorite são da Disney, mas entre um filme e um livro para crianças, há uma grande diferença, certo? Eu, pelo menos, achei isso meio estranho. Mas o caso é, Delilah gosta tanto da história que acaba se apaixonando pelo protagonista, Oliver, o príncipe.

“If you think it’s social suicide to literally bring the head cheerleader to her knees, you should try Reading a children’s book in plain sight in a high school. If you read Dostoyevsky, you’re weird but smart. If read comic books, you’re weird but hip. If you read a fairy tale, you’re just a dork.” (pág. 29)

É aí que entra a outra visão da história: a vida dentro do livro favorito de Delilah. Sim, existe uma vida após fecharmos um livro e, adivinhem, é completamente diferente do que a história conta. Oliver, pra começar, de corajoso não tem nada. É um belo de um adolescente problemático, como todos nós somos, com dúvidas, medos e uma vontade de se rebelar contra todos imensa. O problema? Oliver está “condenado” a viver a mesma vida – a da história do livro – eternamente, cada vez que alguém abre o livro.

“’Why do you read books, when you could be outside, living a million diferente adventures every day?’
‘Because you can always count on a book to stay the same. Everything else changes when you least expect it,’ she replies, bitter. ‘Families split apart, and nothing’s forever. In books, you always know what’s coming next. There are no surprises.’
‘Why is that a good thing?’” (pág. 55)

Só que, um dia desses, Delilah, ao abrir o livro, nota os desenhos se mexendo e então descobre que os personagens estão vivos. E é então que começa um romance bem doce entre Oliver e Delilah.
Devo admitir, o livro é uma gracinha. Aqueles livros fofos, com príncipes fofos e românticos, protagonistas meio estranhas que nós nos identificamos e tudo o mais. No entanto, apesar de eu ter amado a ideia da Jodi de que há uma vida completamente diferente dentro do livro cada vez que o fechamos, achei que o desenvolvimento não foi dos melhores.

“’What makes a treasure a treasure,’ Marina replied, ‘is how rare a find it is, when you need it the most.’ (...)
Oliver considered her words. And as he passed out, he thought that maybe this was the best advice one could ever be given about love.” (pág. 82)

O livro é dividido em duas narrações: a de Delilah e de Oliver, mais alguns capítulos que são como o próprio conto de fadas que Delilah lê. Com isso, nós vemos os dois mundos se desenvolvendo, os coadjuvantes e tudo o mais. Achei bem legal como as coisas funcionam no livro, o que os personagens são de fato e tal. O mundo de Delilah era bem menos agitado e eu, apesar de achá-la legal, também pensei que era meio infantil e que não se esforçava pra ser alguém melhor, mais feliz. Quero dizer, eu entendo que fazer amigos é difícil. Mas Delilah deixaria, sem piscar os olhos, os amigos da vida real pra ficar lendo o tal conto de fadas. O que, pra mim, não é muito saudável, já que o melhor é ter um equilíbrio entre todas as duas coisas.

“’Then why do it?’
‘My mother thinks it will help me fit in.’
‘You should just tell her you’d prefer not to.’
She pauses and looks at me. ‘Why don’t you tell your mother off when she gives you a hard time?’
‘That’s different. I was written that way.’
‘Well, believe me,’ Delilah says. ‘Being a teenager isn’t all that different from being part of someone’s else’s story, then. There’s always someone who thinks they know better than you do.’” (pág. 87)

Além disso, temos Oliver. Sim, ele é uma gracinha de menino. Exatamente o que você espera que um príncipe seja. Nesse ponto, eu notei que o livro provavelmente foi destinado a leitores mais jovens que eu, com uns 12, 13 anos, porque a própria construção do Oliver é mais... infanto-juvenil? Ele é perfeito em tudo, tirando no quesito coragem, vive falando coisas românticas e etc. Na verdade, todo esse romantismo encheu meu saco em alguns pontos, porque, já deixei bem claro em várias resenhas, coisa melosa não é comigo.

“No one ever asks a kid for her opinion, but it seems to me that growing up means you stop hoping for the best, and start expecting the worst. So how do you tell an adult that maybe everything wrong in the world stems from the fact that she’s stopped believing the impossible can happen?” (pág. 148)

Após os dois se apaixonarem, acabam bolando diversos planos pra conseguirem tirar o Oliver de dentro do livro. Eles tentam de diversas formas, mas o que mais me deixou embasbacada foi a forma como finalmente resolveram. Eu não gostei, nem um pouco! Não quero soltar spoilers, mas foi forçar a amizade aquilo. Além disso, achei toda essa questão de abandonar todos os amados por uma garota não muito bem explicada. Claro, Oliver sempre quis sair do livro, mas mesmo assim, fiquei pensando como ele conseguiu abrir mão de tudo aquilo tão rápido.

“She smiles faintly. ‘Are you a writer, Delilah?’ she asks.
‘I’m more of a reader.’
‘Ah,’ Jessamyn replies. ‘Then I can see why you wouldn’t understand.’
‘Understand what?’
‘That the story isn’t mine to change anymore. Maybe it belonged to me at first, but now it belongs to you. And to everyone else who’s ever read it. The act of reading is a partnership. The author builds a house, but the reader makes it a home.’” (pág. 287)

No entanto, como eu já disse acima, o livro também tem coisas muito boas, é só você ler sem esperar uma história muito detalhada, porque eu fui pensando que seria um livro leve, o que foi mesmo, e acabei me divertindo bastante com o resultado (na média).
Se você é apaixonado por conto de fadas, como eu, esse livro é uma ótima pedida para passar uma tarde gostosa. Além disso, tenho que comentar, no livro tem uns desenhos que são lindos! Bem que a capa poderia ter sido um deles...

 3 estrelas - 7,5

Autor(a): Jodi Picoult e Samantha Van Leer
Editora: Simon Pulse
Ano: 2012 (original)
Páginas: 352 (original)
Nome original: -
Coleção: -

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