Esse
livro apareceu na minha vida por um acaso. Eu
estava na livraria, xeretando a prateleira de livros importados – que sempre
tem livros escondidos, bons e com preços mais acessíveis que a
versão brasileira – quando me
deparei com BTL. A capa me deixou meio na dúvida, afinal,
não parecia
muito o meu estilo. Mas quando eu li a sinopse... Me apaixonei. Conto de fadas?
Com vida real? Meu Deus, tinha como ficar melhor?
“Just so you know, when they say ‘once upon a time’...
they’re lying.
It’s not once upon a time. It’s not even twice upon a
time. It’s hundreds of times, over and over, every time someone opens up the
pages of this dusty old book.” (pág. 11)
Delilah
é uma menina normal, que adora ler e meio solitária na escola,
num geral, por ser bem diferente de seus colegas, que querem coisas muito
diferentes dela. Pra ajudar nisso, o
livro favorito dela é nada menos que um conto de fadas para as crianças.
Cá
entre nós,
não posso falar
nada, vários
dos meus filmes “all-time
favorite”
são da Disney,
mas entre um filme e um livro para crianças, há uma grande
diferença, certo? Eu,
pelo menos, achei isso meio estranho. Mas o caso é, Delilah gosta tanto da história que acaba se apaixonando pelo
protagonista, Oliver, o príncipe.
“If you think it’s social suicide to literally bring
the head cheerleader to her knees, you should try Reading a children’s book in
plain sight in a high school. If you read Dostoyevsky, you’re weird but smart. If read comic
books, you’re weird but hip. If you read a fairy tale, you’re just a
dork.” (pág. 29)
É
aí
que entra a outra visão
da história:
a vida dentro do livro favorito de Delilah.
Sim, existe uma vida após
fecharmos um livro e, adivinhem, é completamente diferente do que a história
conta. Oliver,
pra começar, de
corajoso não
tem nada. É
um belo de um adolescente problemático,
como todos nós
somos, com dúvidas,
medos e uma vontade de se rebelar contra todos imensa. O problema? Oliver está “condenado” a viver a mesma
vida – a da história do livro – eternamente, cada vez que alguém abre o
livro.
“’Why do you
read books, when you could be outside, living a million diferente adventures
every day?’
‘Because you can always count on a book to stay the
same. Everything else changes when you least expect it,’ she replies, bitter. ‘Families split
apart, and nothing’s forever. In books, you always know what’s coming next. There are no surprises.’
‘Why is that a good
thing?’” (pág. 55)
Só que, um dia desses, Delilah, ao abrir o livro, nota
os desenhos se mexendo e então descobre que os personagens estão vivos. E é então que começa um romance bem doce entre Oliver e Delilah.
Devo
admitir, o livro é uma gracinha. Aqueles
livros fofos, com príncipes fofos e românticos, protagonistas meio “estranhas” que nós nos
identificamos e tudo o mais. No entanto,
apesar de eu ter amado a ideia da Jodi de que há uma vida completamente
diferente dentro do livro cada vez que o fechamos, achei que o desenvolvimento
não
foi dos melhores.
“’What makes a treasure a treasure,’ Marina replied,
‘is how rare a find it is, when you need it the most.’ (...)
Oliver
considered her words. And as he passed out, he thought that maybe
this was the best advice one could ever be given about love.” (pág. 82)
O livro é dividido em duas narrações:
a de Delilah e de Oliver, mais alguns capítulos
que são como o próprio conto de fadas que Delilah
lê. Com isso, nós
vemos os dois mundos se desenvolvendo, os coadjuvantes e tudo o mais. Achei bem
legal como as coisas funcionam no livro, o que os personagens são de fato e
tal. O mundo de Delilah era bem
menos “agitado” e eu, apesar
de achá-la
legal, também
pensei que era meio infantil e que não se esforçava pra ser
alguém melhor, mais feliz. Quero dizer, eu entendo que fazer amigos é
difícil. Mas Delilah deixaria, sem
piscar os olhos, os amigos da vida real pra ficar lendo o tal conto de fadas. O
que, pra mim, não
é
muito saudável,
já
que o melhor é
ter um equilíbrio entre todas as duas coisas.
“’Then why do it?’
‘My mother thinks it will help me fit in.’
‘You should just tell her you’d prefer not to.’
She pauses and looks at me. ‘Why don’t you tell your
mother off when she gives you a hard time?’
‘That’s different. I was written that way.’
‘Well, believe me,’ Delilah says. ‘Being a teenager
isn’t all that different from being part of someone’s else’s story, then.
There’s always someone who thinks they know better than you do.’” (pág. 87)
Além disso, temos Oliver. Sim, ele é uma gracinha de menino. Exatamente o que você espera que um príncipe seja. Nesse ponto, eu
notei que o livro provavelmente foi destinado a leitores mais jovens que eu,
com uns 12, 13 anos, porque a própria construção do Oliver é mais...
infanto-juvenil? Ele é perfeito em tudo, tirando no
quesito coragem, vive falando coisas românticas e etc. Na verdade, todo esse romantismo encheu meu saco em alguns pontos,
porque, já deixei bem claro em várias resenhas, coisa melosa não é comigo.
“No one ever asks a kid for her opinion, but it seems
to me that growing up means you stop hoping for the best, and start expecting
the worst. So how do you tell an adult that maybe everything wrong in the world
stems from the fact that she’s stopped believing the impossible can happen?” (pág. 148)
Após os dois se apaixonarem, acabam bolando diversos planos pra
conseguirem tirar o Oliver de dentro do livro. Eles tentam de diversas
formas, mas o que mais me deixou embasbacada
foi a forma como finalmente resolveram. Eu não
gostei, nem um pouco! Não quero soltar
spoilers, mas foi forçar
a amizade aquilo. Além
disso, achei toda essa questão
de “abandonar
todos os amados”
por uma garota não
muito bem explicada. Claro, Oliver sempre quis sair do livro, mas mesmo assim,
fiquei pensando como ele conseguiu abrir mão de tudo aquilo tão rápido.
“She smiles
faintly. ‘Are you a writer, Delilah?’ she asks.
‘I’m more of a reader.’
‘Ah,’ Jessamyn replies. ‘Then I can see why you
wouldn’t understand.’
‘Understand what?’
‘That the story isn’t mine to change anymore. Maybe it
belonged to me at first, but now it belongs to you. And to everyone
else who’s ever read it. The act of reading is a partnership. The
author builds a house, but the reader makes it a home.’” (pág. 287)
No entanto, como eu já disse acima, o livro também tem coisas muito boas, é só
você ler sem esperar uma história muito detalhada, porque eu fui pensando
que seria um livro leve, o que foi mesmo, e acabei me divertindo bastante com o
resultado (na média).
Se
você é apaixonado por conto de fadas, como eu, esse livro é uma ótima pedida
para passar uma tarde gostosa. Além disso,
tenho que comentar, no livro tem uns desenhos que são lindos! Bem
que a capa poderia ter sido um deles...
0 viajantes:
Postar um comentário
Comente aqui o que achou da postagem! Não seja tímido, pode falar o que vier a cabeça. Lembra de sempre respeitar as outras pessoas, sem comentários machistas, racistas, LGBTfóbicos ou, enfim, preconceituosos.
Vou ler tudo e responder!!!