[Resenha] Cante para eu dormir, de Angela Morrison


> Ouça essa resenha ouvindo essa música, por favor.

Desde que a Editora Pandorga lançou a primeira edição desse livro, lá em 2011, eu já queria lê-lo. Muitas blogueiras literárias que eu acompanho, inclusive, falaram bem da história, mas no final das contas ele virou mais um nome na minha lista de desejados. Isto é, até uma “eu” muito desejosa por uma leitura interessante entrar na Fnac e acabar lendo as primeiras páginas do livro e... Ficando extremamente cativada pela narração. Não deu outra, eu acabei levando-o para casa e devorei o mais rápido que pude.

Sendo sincera, eu tinha boas expectativas com esse livro. Antes mesmo de comprá-lo, entrei no skoob e vi que a nota era alta, o que me deixou ainda mais animada. A narrativa da Angela é muito boa, de fato, o tipo de page turner que te faz querer saber mais sobre a história e sobre o que acontecerá com os personagens. Tudo começa com Beth, uma menina que desde pequena sofreu bullying por conta de sua aparência, até mesmo de seu pai, que pouco depois de seu nascimento some. Beth é uma personagem complicada, e isso é compreensível. É uma pessoa que passou literalmente a vida toda sofrendo na pele o quão importante a sociedade acredita ser ter uma beleza padrão e não fugir disso.

Era doloroso ler sua perspectiva do mundo, mas tudo muda quando finalmente, no coral em que faz parte, sua professora descobre a voz maravilhosa que ela possui e de repente, ela tem não só um solo, mas a atenção de meninas que nem sabiam seu nome antes, como Meadow, uma menina rica que também faz parte do coral e que banca toda uma transformação para Beth se tornar alguém “apresentável” para um solo. Eu vou confessar que apesar de toda a minha irritação com essa mania de todos quererem empurrar um certo tipo de padrão, eu amo filmes e livros com makeover, mas nesse caso, é notável ver que, por mais que mude por fora, Beth jamais vai esquecer quem é por dentro e as cicatrizes internas de tudo que já passou.

Quando as meninas do coral vão para um coral na Suíça, ela acaba conhecendo um famoso coro canadense, e um dos meninos, Derek. Os dois têm uma química muito interessante, principalmente porque Derek, antes mesmo de saber sua aparência, tinha se apaixonado por sua voz e Beth, mesmo sem experiência amorosa, acaba se aproximando com Derek e criando uma forte ligação, que nem mesmo ela esperava. Mas, não pense que somente o romance entre os dois é abordado. Há uma carga de drama grande no livro, mesmo que intercalada com partes mais leves. Além de Derek, Beth também é muito próxima de Scott, um menino que é seu (único) amigo desde criança, e acaba se tornando alguém muito, muito importante em sua vida.

Contudo, apesar de eu ter gostado da experiência que foi Cante para eu dormir, não só no quesito musical – porque eu passei a apreciar muito mais esses corais e fiquei mais do que encantada imaginando as vozes deles – eu também me decepcionei com o desenvolvimento da história. O começo da história, como já comentei, é muito bom. A narrativa é boa, falando de assuntos tristes mas sem te tirar a vontade de continuar a ler. No entanto, o meio do livro me irritou. Muito. Os três personagens que mais aparecem no livro – Beth, Derek e Scott – estavam particularmente diferentes do que eu imaginava, e suas atitudes bem enervantes. Derek, por exemplo, que eu acreditava ser uma pessoa charmosa, acaba se tornando alguém distante de Beth, e por mais que no final tenhamos uma resposta a esse comportamento, não deixa de ser um sofrimento ver como Beth tem que praticamente implorar para conseguir um pouco de atenção do suposto namorado. Sem contar que, nos momentos que estavam juntos, eu sempre sentia que Derek queria controlar Beth, o que me fez perder um pouco da simpatia que ele tinha conquistado. 

Scott foi outro que, no meio da história, se tornou um pouco repetitivo: sua paixão (quase) não correspondida por Beth e sua insistência me deixaram com dor de cabeça. Sim, eu entendo seu lado, entendo que é difícil superar alguém, mas parecia que ele não conseguia aceitar o fato de que Beth, por mais que se importasse com ele, tinha alguém mais especial no coração. E, mesmo que não tivesse, “não” é ainda “não”.

Claro que as últimas páginas do livro me ganharam de volta, mesmo eu já tendo imaginado o que aconteceria no final das contas. Aliás, até gostaria que talvez a autora tivesse dedicado mais páginas a isso, porque senti falta de mais destaque para algo que se mantém um questionamento por um bom tempo no livro.

Foi um livro carregado de emoções para mim, nem sempre maravilhosas, mas certamente presentes durante toda a leitura. Não posso dizer que amei a resolução, mas era algo que eu esperava. E, calma lá: mesmo que eu não tenha posto o livro entre os favoritos, ainda vale a indicação. É uma leitura que funciona de maneiras diferentes para pessoas diferentes, e já que muita gente amou o livro, vale a pena conferir e ter sua própria opinião.

Seus olhos castanhos e profundos capturam os meus. – Você canta para eu dormir. (pág. 106)

3.5 solos incríveis da Beth

Autor(a): Angela Morrison
Editora: Pandorga
Ano: 2014 (2ª edição)
Páginas: 352
Nome original: Sing me to sleep
Coleção: -

2 comentários:

  1. Que lindo *-* amei a resenha, fiquei com vontade de ler o livro agora hahah

    http://comoseeufossepoeta.blogspot.com.br/

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